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A crise na Venezuela afeta Cuba

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Daniel R. Esparza - publicado em 14/07/16
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A queda no envio de petróleo venezuelano leva o crescimento da ilha a apenas 1%Exatamente no momento em que a melhoria econômica parecia estar batendo às portas da ilha, no meio do esboço de um renascimento comercial lento, mas de alcance hemisférico, um convidado inesperado desfez a possibilidade de uma visão progressivamente favorável para o futuro imediato.

Uma crise cada vez mais aguda na Venezuela, o principal parceiro de energia de Cuba, que tem enviado petróleo para lá por quase uma década, marca o início de uma crise paralela na ilha.

El País da Espanha descreveu como uma “nova fase de anemia”, ao ver Raúl Castro reconhecendo a situação na sexta-feira passada, na Assembleia do Poder Popular, conhecido como Parlamento cubano.

Castro falou sem muitos rodeios sobre “a contração no abastecimento de combustível acordado com a Venezuela, apesar da firme vontade de Nicolás Maduro e seu governo por cumpri-los”.

Esses acordos cubano-venezuelano de importações de petróleo com preços preferenciais foram assinados no início de 2000, alguns anos após a chegada de Chávez ao poder na Venezuela, quando ele e Fidel Castro começaram uma aliança, onde o último ganharia um parceiro para o sistema energético cubano e o primeiro receberia não somente capital político, mas também os serviços de médicos cubanos para os serviços de saúde pública na Venezuela, apoio estratégico e de inteligência para segurança do Estado.

Durante anos, Cuba recebeu da Venezuela aproximadamente cem mil barris por dia.

Hoje, quando o país petroleiro sul-americano tem sua produção praticamente hipotecada por seus credores (China, o primeiro deles) e com uma queda global dos preços do petróleo (de aproximadamente US$ 120 por barril para cerca de US$ 40), em acréscimo à profunda deterioração sócio-político-institucional venezuelana, a entrada de petróleo preferencial em Cuba caiu significativamente.

De acordo com dados da agência Reuterscoletados na nota de El País, “no primeiro semestre de 2016, a retração foi de pelo menos 20%. O Produto Interno Bruto cubano cresceu 4,7% no primeiro semestre de 2015, uma cifra relevante mas insuficiente para as necessidades de aceleração da deteriorada economia da ilha. Um ano mais tarde, durante o mesmo período de 2016, os resultados não só não melhoraram mas enfraqueceram a um crescimento de 1%, metade do previsto, colocando em alerta o governo de Castro”.

Cuba parece muito perto do fantasma de outro período especial, a terrível crise do início dos anos noventa que atingiu a ilha após a queda da União Soviética e a consequente perda de apoio financeiro do poder estrangeiro.

No entanto, Raúl Castro insistiu que a crise que está surgindo não é, nem remotamente, perto da outra: “não negamos que possam surgir danos, inclusive maiores que os atuais, mas estamos preparados e em melhores condições para reverter isso”, disse ele à Assembleia.

Medidas para lidar com os cortes já foram iniciadas: o Ministro da Economia Marino Murillo informou que para o segundo semestre do ano foi planejada uma redução geral no consumo de combustível de 28%, tentando deixar intacto o gasto residencial, ou seja, o consumo em casas, e garantir as necessidades das indústrias-chave, tais como o turismo, o níquel e o açúcar.

 

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