Durante a JMJ, Auschwitz receberá inúmeras visitas, não só de peregrinos e voluntários, mas também do Papa Francisco
A visita começou em Auschwitz I, o primeiro campo. O dia era de sol, mas começou a escurecer assim que o grande portão do campo, ostentando o lema “Arbeit macht frei” (‘O trabalho liberta’), apareceu à frente dos voluntários, peregrinos e outros visitantes. Nem a diferença de idades, culturas ou idiomas deixou encobrir as sensações que lhes percorriam as mentes. Apesar de serem oriundos de todos os cantos do mundo e dos mais diversos meios, estavam unidos em solidariedade, visivelmente conscientes de que estavam a pisar o chão em que se cometeu um dos maiores crimes contra a Humanidade da nossa história.
A visita a Auschwitz também não deixou Federico Galimberti, de 24 anos, e Cristina Faustini, de 23, indiferentes. Estes dois jovens voluntários italianos aproveitaram a semana de voluntariado anterior à JMJ para visitar Auschwitz. Federico já tinha estado no campo de concentração de Dachau, perto de Munique, na Alemanha, e sentia a necessidade de ver outro: “Queria ver onde estava o mal”, afirma o jovem italiano, que acredita que os campos de concentração de Auschwitz são passagem obrigatória para quem visita Cracóvia. Cristina concorda com ele: “Auschwitz é um dos lugares mais importantes e um dos piores momentos da nossa história; é nosso dever vir a Auschwitz e lembrar-nos do que aconteceu aqui”. Para Federico, toda a visita foi “assustadora”, mas o campo que lhe provocou sensações mais intensas foi o de Bierkanau, que descreve como “angustiante”. Federico acredita que todos os católicos precisam de ter consciência da existência do mal: “Deus é amor, Deus é o bem, mas é preciso sabermos que o mal também existe”. “Vir a Auschwitz fez-me pensar que somos livres, mas que podemos fazer muitas coisas más com a nossa liberdade”, conta Federico.

Em relação a Auschwitz, é difícil haver opiniões contrárias… Os três jovens voluntários defendem, acima de tudo, a importância de “relembrar” as ações dos alemães, para que não voltem a acontecer. “Aconteceu uma vez e pode voltar a acontecer, porque somos todos humanos”, acredita Cristina. “Temos de deixar de odiar os outros só porque têm uma nacionalidade, cultura ou religião diferente”, afirma a voluntária italiana. Michal acredita que o nacionalismo que tem vindo a crescer na Europa pode vir a gerar crimes semelhantes ao Holocausto: “A moral desta visita é: ainda que pareça que isto aconteceu há já muito tempo, algo do género pode voltar a ocorrer”. É por isso que Michal realça a importância do cristianismo: “No cristianismo, não há diferenças entre brancos e negros, altos e baixos, pobres e ricos e, sobretudo, não há ódio. O que aconteceu foi um crime de ódio. Se deixarmos o amor de lado, isto pode voltar a acontecer a qualquer momento”.