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Curdos retomam violenta campanha de atentados após tentativa de golpe na Turquia

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Agências de Notícias - publicado em 18/08/16
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As semanas de relativa calma após a tentativa de golpe na Turquia chegaram ao fim nesta quinta-feira com uma série de atentados da guerrilha curda PKK, que pela primeira vez alcançaram regiões onde a população não é majoritariamente curda.

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) retomou suas ações com alarde. Vários ataques atribuídos aos rebeldes mataram em poucas horas 10 pessoas e feriram mais de 200 no leste do país.

“É evidente que o PKK quer se aproveitar do ambiente atual na Turquia. Toda organização terrorista gosta de aproveitar as crises”, indicou à AFP uma fonte próxima ao governo, em referência ao golpe.

Além disso, os rebeldes curdos levaram sua luta armada para além de sua área de ação, às províncias não curdas como Elazig, onde ao menos três policiais morreram e 146 pessoas ficaram feridas, 14 em estado grave, nesta quinta-feira em um atentado com carro-bomba contra o quartel-general da polícia.
Elazig, reduto nacionalista do leste da Turquia de população não curda, até agora não havia sido afetada pelo conflito entre o Estado turco e os rebeldes curdos.

O ataque rapidamente atribuído ao PKK pelo ministro da Defesa, Fikri Isik, provocou danos consideráveis no edifício de quatro andares e nos imóveis vizinhos, onde se encontram as casas reservadas às famílias dos policiais, segundo as redes de televisão.

Várias pessoas que entraram no edifício pouco depois da explosão, ouvida a quilômetros de distância, gritavam freneticamente “Há alguém aqui?!”, enquanto buscavam sobreviventes, segundo as imagens chocantes divulgadas pela CNN-Türk.

A explosão abriu uma cratera de vários metros de diâmetro.

Horas depois, três soldados turcos e um integrante de uma milícia curda pró-Ancara morreram em um ataque contra um comboio militar em Bitlis, no sudeste da Turquia, que também deixou sete militares feridos, informou a agência Anatolia.

Nunca antes”Até agora não havíamos tido um ataque assim na cidade, nem recebido informações sobre um eventual ataque”, indicou à CNN Türk Omer Serdar, deputado desta província do partido islamita-conservador no poder AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), visivelmente surpreso.

Na noite de quarta-feira, três pessoas, dois civis e um policial, morreram e 73 ficaram feridas em Van, outra localidade a leste da Turquia, em outro atentado com carro-bomba cometido pelo PKK, declarou o governador local, Ibrahum Tasyapan.

Cerca de uma tonelada de explosivos foram utilizados, de acordo com a agência de notícias Dogan.

Van é uma das grandes cidades de população mista curda e turca, além de ser um destino turístico popular. Localizada perto do Irã, abriga vestígios de civilizações antigas, incluindo a armênia.

Até agora, havia se esquivado relativamente da violência que desde o início do levante do PKK contra o Estado turco, em 1984, custou a vida de 40.000 pessoas.

Na última segunda-feira, oito pessoas – cinco policiais e três civis – entre eles uma criança de cinco anos, morreram em outro atentado com carro-bomba contra um posto da polícia de Van.

As forças de segurança sofrem ataques quase diariamente por parte do PKK desde o fim do cessar-fogo no verão de 2015. Centenas de policiais e militares morreram.

Segundo a Human Rights Watch, mais de 7.000 combatentes curdos e mais de 300 civis morreram no último ano, enquanto 355.000 pessoas foram obrigadas a fugir devido à retomada do conflito.

No expurgo posterior à tentativa de golpe lançado pelas autoridades turcas contra simpatizantes do pregador Fethullah Gülen, acusado de ser o cérebro do golpe, milhares de policiais ou soldados foram demitidos ou detidos, aumentando os temores de um enfraquecimento dos meios do Estado para combater o PKK.

Mas o ministro da Defesa garantiu à agência pró-governamental Anatolia que “desde 15 de julho a República da Turquia é ainda mais forte” e que, mais cedo ou mais tarde, conseguirá erradicar o PKK.

(AFP)

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