Vários atentados reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) atingiram nesta segunda-feira várias cidades da Síria, enquanto Estados Unidos e Rússia se mostram incapazes de entrar em acordo sobre os meios para reduzir a violência neste país.
Durante o dia, ao menos 48 pessoas morreram em uma série de atentados em várias cidades sírias, essencialmente controladas pelo governo, como a província costeira de Tartus, segundo os meios de comunicação estatais.
O ataque mais sangrento foi cometido em uma ponte dos arredores de Tartus, e deixou 35 mortos e várias dezenas de feridos. Primeiro um carro-bomba explodiu e depois um terrorista detonou seus explosivos em meio às pessoas que foram socorrer os feridos da primeira explosão.
A agência de notícias Amaq, órgão de publicidade do EI, reivindicou mais tarde que o grupo extremista havia realizado uma “série de ataques suicidas simultâneos” na capital Damasco, em Tartus, Homs e Hassakeh (nordeste).
“Estes ataques foram claramente realizados tendo como alvo posições das forças de segurança”, ressaltou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os atentados ocorrem pouco depois de o EI perder suas últimas posições ao longo da fronteira com a Turquia, e do êxito do exército sírio e de seus aliados, que conseguiram cercar os bairros rebeldes de Aleppo.
Há até pouco tempo, Tartus não havia sofrido a violência da guerra. No entanto, em 23 de maio uma série de atentados, entre eles ataques suicidas reivindicados pelo EI, deixaram mais de 170 mortos em Tartus e em outro reduto do regime, Jableh.
Em outros ataques, no nordeste do país, ao menos oito pessoas morreram nesta segunda-feira em Hassakeh, uma localidade controlada quase totalmente pelas milícias curdas, embora o regime esteja presente em algumas zonas.
Por sua vez, a explosão de um carro-bomba provocou a morte de quatro pessoas e deixou sete feridos em Homs (centro), segundo a agência oficial Sana.
Por fim, outra explosão foi registrada em uma estrada a oeste da capital, Damasco, deixando um morto e três feridos.
– Fracasso diplomático no G20 -A Síria também centrou a cúpula do G20 na China, onde Estados Unidos e Rússia fracassaram nesta segunda-feira em alcançar um acordo sobre a guerra neste país devido às divergências persistentes, indicou um diplomata americano.
As negociações entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, terminaram sem acordo, indicou o diplomata.
No domingo, Washington havia acusado Moscou de ter voltado atrás em alguns pontos das negociações, tornando impossível um acordo de cooperação entre as duas potências.
Estados Unidos e Rússia, que realizam ataques aéreos na Síria contra os extremistas, mas cada um separadamente, estão em desacordo sobre o futuro do presidente Bashar al-Assad, que continua atacando a oposição síria com o apoio da Rússia.
No entanto, os dois presidentes, Barack Obama e Vladimir Putin, mencionaram um encontro “produtivo” e “certa aproximação”.
“Tivemos negociações produtivas sobre o que será um verdadeiro fim das hostilidades”, disse Obama depois de se reunir com Putin à margem do G20 na China.
“Apesar de tudo, há uma certa aproximação de posições (com os Estados Unidos) e há uma compreensão do que poderíamos fazer para baixar a intensidade da situação na Síria”, declarou Putin em uma coletiva de imprensa em Hangzhou.
Por sua vez, outro ator importante neste conflito, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que também está na China, propôs aos seus colegas americano e russo o estabelecimento de “uma zona de exclusão aérea” no norte da Síria, algo que já havia mencionado em várias ocasiões.
Desde o início do conflito, em março de 2011, a guerra já deixou mais de 290.000 mortos e deslocou milhares de pessoas, que fora obrigadas a abandonar seus lares. A trégua é violada frequentemente desde abril e as negociações de paz estão agora quase em ponto morto.
(AFP)