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Deus perdoa quando caímos muitas vezes no mesmo pecado?

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Julio De la Vega Hazas - Aleteia Brasil - publicado em 08/09/16
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Uma resposta para a dúvida de um leitor da Aleteia Um leitor nos perguntou, através da página da Aleteia:

Deus perdoa quando caímos muitas vezes no mesmo pecado? Apesar de tentar evitar, eu volto a cair, mesmo sem querer.

Sim, Deus sempre perdoa o pecador arrependido. Se houver verdadeiro arrependimento, não há “limite” para as vezes que podemos receber o perdão através do sacramento da Penitência. Isso não muda quando caímos repetidamente no mesmo tipo de pecado.

É importante, porém, esclarecer melhor algumas coisas.

Primeiramente, não existe pecado “sem querer”.

Sempre existe, no pecado, uma participação da vontade, já que o pecado consiste no ato de consentimento em algo que sabemos que é objetivamente mau.

O que acontece é que o ser humano sofre enorme influência dos hábitos, que, conforme sejam positivos ou negativos, facilitam ou dificultam o comportamento que nos torna plenamente realizados como filhos de Deus chamados a ser santos. Quando os hábitos são moralmente bons, nós os chamamos de virtudes; do contrário, são vícios.

A reiteração do pecado produz o vício, que enfraquece a vontade, inclinando à recorrência do pecado e debilitando a capacidade de resistência a ele. E a nova queda no mesmo pecado reforça esse vício. Trata-se, literalmente, de um “círculo vicioso”.

Mas é possível rompê-lo quando se conta com a graça divina: isto inclui, obviamente, a graça recebida no sacramento da Penitência. É uma luta interior, com seus altos e baixos, mas, quando há vontade firme de aplicar os meios se acaba vencendo. E isto requer tempo.

Todo confessor com um pouco de experiência sabe distinguir entre a falta de propósito de emenda – que torna inválida a confissão – e a previsão de que, muito embora se deseje realmente mudar, pode haver recaídas, inclusive após um curto espaço de tempo. O penitente deve entender isto e mais duas coisas: a primeira é que não é a confissão em si mesma o que promove o perdão dos pecados, e sim a contrição manifestada ao confessá-los; e a segunda é que a contrição não é incompatível com a fraqueza da vontade, produzida pelo vício, nem com o prognóstico desfavorável causado por ele. Aliás, para evitar falsas ilusões e desespero em tais situações, é recomendável ter um confessor fixo que possa realmente nos ajudar a superar o pecado.

E é possível que um vício chegue a anular a vontade?

Sim, pode acontecer. Mas, nesse caso, já estaríamos no campo da patologia e precisaríamos de ajuda médica especializada. É o caso, por exemplo, de doenças como o alcoolismo, a dependência química, o vício na jogatina. Quando as coisas chegam a extremos, o desejo sincero de superar o problema precisa passar pela aceitação dessa ajuda.