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Trégua da ‘última oportunidade’ se mantém na Síria

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Agências de Notícias - publicado em 13/09/16
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Considerada a “última oportunidade” para colocar fim a uma guerra que já deixou mais de 300.000 mortos, a trégua na Síria se mantinha nesta terça-feira (13), ainda que a ausência de ajuda humanitária tenha causado decepção nas áreas cercadas.

As armas deixaram de ser ouvidas pouco antes do entardecer de segunda-feira (12), quando entrou em vigou a trégua acordada entre Rússia e Estados Unidos. Esses dois países apoiam o governo e os rebeldes, respectivamente, em uma nova tentativa de encerrar cinco anos de guerra.

O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, comemorou hoje a “significativa diminuição da violência” pouco mais de 24 horas após começar o cessar-fogo acordado.

De Mistura afirmou que foram registrados alguns episódios violentos, especialmente na noite de segunda-feira, mas que a situação para esta terça (13) se mostrava positiva.

Ele admitiu, porém, que as Nações Unidas não entregaram ajuda aos civis durante o primeiro dia de trégua, devido às dúvidas sobre a segurança na região, solicitando “garantias de que os motoristas e o comboio” não serão atacados.

Correspondentes da AFP situados em Aleppo e em Damasco constataram que a situação estava tranquila.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou que ocorreram episódios esporádicos de violência em diferentes partes do país, cometidos por ambos os grupos, mas que não havia mortos.

A trégua não conseguiu evitar, porém, os fortes combates em Hama entre as forças de Bashar al-Assad e a facção extremista Jund al-Aqsa, classificada como “terrorista” por vários países, advertiu o OSDH.

Damasco acusou a oposição de uma série de violações. Seu aliado, o Exército russo, afirmou nesta terça-feira que as forças do governo estão respeitando o cessar-fogo, mas que os rebeldes dispararam “23 vezes contra bairros residenciais e posições das forças governamentais”.

Para poder enviar ajuda aos bairros rebeldes sitiados de Aleppo, militares russos instalaram um ponto de observação móvel na rota do Castello. Esse eixo de acesso vital ao norte da segunda cidade síria une a região com a fronteira turca, de onde provém essa ajuda, segundo as agências de notícias russas.

Mas Damasco anunciou que negará a entrada de ajuda da Turquia aos bairros rebeldes de Aleppo, se não for coordenada com o governo Al-Assad e com a ONU.

Crianças voltam a brincarO secretário de Estado americano, John Kerry, que negociou o acordo com seu colega russo, Serguei Lavrov, considerou que a trégua pode “ser a última oportunidade de salvar” a Síria.

Em diversas localidades e cidades, em particular as controladas pelos rebeldes, na mira dos incessantes bombardeios da aviação do regime, a população demonstrou alívio.

Hoje, as crianças voltaram a subir nos balanços sem medo de que suas brincadeiras terminassem em tragédia. Outras, maiores, jogavam futebol sob uma ponte destruída.

Ao contrário do que ocorria antes da guerra, contudo, a festa muçulmana do Sacrifício – o Eid al-Adha – não foi acompanhada de uma comemoração, já que grande parte das prateleiras do mercado estava vazia, e a ajuda humanitária não havia chegado.

Na parte governamental de Aleppo, perto da linha de demarcação, Habib Badr elogiava a tranquilidade.

“Minha casa está próxima do hospital Ramzi e costumo ouvir as sirenes das ambulâncias a cada duas, ou três horas. Mas hoje, nada”, afirmou.

O governo congelou suas operações militares “no território” até as 21h GMT (18h de Brasília) de 18 de setembro.

Cooperação inéditaAinda que a oposição e os rebeldes, enfraquecidos, não tenham dado seu acordo formal à trégua e tenham pedido “garantias” do aliado americano, parecem respeitar em terra o cessar-fogo.

Isso não impede que o ceticismo prevaleça sobre o êxito dessa nova trégua.

Assim como na trégua anterior, no fim de fevereiro, que durou duas semanas, os grupos extremistas Estado Islâmico e Frente Fateh al-Sham (ex-Frente al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda), que controlam amplos setores do país, estão excluídos.

Se for respeitada durante uma semana, essa suspensão das hostilidades pode levar a uma inédita colaboração entre Moscou e Washington contra os dois grupos extremistas.

Um funcionário do Pentágono ressaltou, no entanto, que isso não implicaria automaticamente no princípio da cooperação, ao término deste prazo.

“Os prazos são curtos, e a desconfiança é grande”, afirmou.

(AFP)

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