“Levar avante a luz da fé”, pede o PapaO Papa Francisco iniciou a semana celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta na manhã desta segunda-feira (19/09). Em sua homilia, o Pontífice se inspirou no Evangelho do dia, extraído de Mateus, para falar da luz da fé e dos perigos que podem apagá-la.
“Proteger a luz – disse – é proteger algo que nos foi dado como dom. E se somos luminosos, somos luminosos neste sentido: por ter recebido o dom da luz no dia do Batismo”. O Papa recordou que “nos primeiros séculos da Igreja, assim como em algumas Igrejas orientais, ainda hoje o Batismo se chama a Iluminação”.
Toda máfia é obscura
Francisco prosseguiu dizendo que esta luz não deve ser encoberta. “Se você cobre esta luz, de fato, “se torna morno ou simplesmente” um “cristão de nome”. A luz da fé, disse ainda, “é uma luz verdadeira, que Jesus nos dá no Batismo”, “não é uma luz artificial, uma luz maquiada. É uma luz suave, serena que não se apaga mais”.
Francisco então falou de uma série de comportamentos que podem esconder esta luz, recordando os conselhos que o Senhor nos oferece justamente para que esta luz não se torne obscura. Antes de tudo, exortou, “não deixar esperando quem necessita”.
“Jamais adiar: o bem…o bem não tolera ficar na geladeira: o bem é hoje, e se você não o fizer hoje, amanhã não haverá. Não esconder o bem para amanhã: isso de ‘vai, passa depois, o darei amanhã’ encobre fortemente a luz; e também é uma injustiça… Outro modo – são conselhos para não encobrir a luz: não tramar o mal contra o seu próximo, pois ele confia em você. Mas quantas vezes as pessoas têm confiança numa pessoa e esta trama o mal para destruí-la, para sujá-la, para que seja ignorado… É o pequeno pedacinho de máfia que todos nós temos à mão; quem se aproveita da confiança do próximo para tramar o mal é um mafioso! ‘Mas, eu não pertence a …’: mas esta é máfia, se aproveitar da confiança … E isso encobre a luz. Faz com que se torne obscura. Toda máfia é obscura”!
Não invejar os potentes
O Papa então destacou a tentação de sempre brigar com alguém, o prazer de brigar até com quem não nos fez “nada de mal”. “Sempre – constatou – procuramos alguma coisa para brigar. Mas no final brigar cansa: não se pode viver. É melhor deixar passar, perdoar”, “fingir não ver algumas coisas… não brigar continuamente”.
“Um outro conselho que este Pai dá aos filhos para não cobrir a luz: ‘Não invejem o homem violento e não se irritem por todos os seus sucessos, porque o Senhor tem horror do pervertido, enquanto a sua amizade – do Senhor – é para os justos’. E muitas vezes, nós, alguns, temos ciúme, inveja daqueles que têm coisas, que têm sucesso, o que são violentos… Mas repassemos um pouco a história dos violentos, dos potentes… É tão simples: os mesmos vermes que nos comerão, comerão eles também; os mesmos! No final seremos todos iguais. Invejar, ah!, o poder, ter ciúmes… isto cobre a luz”.
Luz da fé
Neste ponto, disse o Papa, fica o conselho de Jesus: “Sejam filhos da luz, e não filhos das trevas; sejam guardiões da luz que lhes foi dada no dia do Batismo”. E ainda: “não a escondam debaixo da cama”, mas “cuidem da luz”. E para proteger a luz, destacou, existem estes conselhos para serem praticados todos os dias. “Não são coisas estranhas, todos os dias vemos estas coisas que encobrem a luz”.
“Que o Espírito Santo, que todos nós recebemos no Batismo, nos ajude a não cair nestes maus hábitos que encobrem a luz, e nos ajude a levar adiante a luz recebida gratuitamente, aquela luz de Deus que faz tão bem: a luz da amizade, a luz da mansidão, a luz da fé, a luz da esperança, a luz da paciência, a luz da bondade”.