O impacto de uma exortação para os homens “darem a cara na batalha espiritual e cultural, assumindo a vocação específica da sua masculinidade”Um dos mais infundados e infelizes “ditados” de toda a história da humanidade dispara, sumariamente, que “homem não chora”.
Este “conselho”, que só serviu para desumanizar e estereotipar, é frequentemente destroçado pela própria medicina, que reitera a importância das lágrimas para manter a saúde física e psicológica em níveis sustentáveis. Evidentemente, não se trata de chorar à toa: bom senso também faz bem à saúde. E, medicina à parte, parece bastante evidente que a verdadeira hombridade é a do homem que não se pauta pela opinião alheia sobre a sua própria macheza: homem que é homem se garante, como reza outro “ditado” (que, aliás, também requer bom senso para não se transformar em patética arrogância). Homem que é homem não tem medo nem vergonha de chorar quando o choro é bom, justo, saudável. A propósito: Jesus Cristo chorou.
Existe outro conselho semelhantemente sem noção: ele diz que “homem não reza”, porque “rezar é coisa de mulher”.
Faz um ano, o bispo de Phoenix (Arizona, Estados Unidos), dom Thomas Olmsted, publicou a exortação Into the Breach [Chamados ao Combate], a fim de chamar os homens da sua diocese “a dar a cara na batalha espiritual e cultural, assumindo a vocação específica da sua masculinidade”.
O bispo deixou claro que uma vida de oração, de autodomínio, de pureza e de fé por parte dos homens revitaliza a Igreja e toda a humanidade. Ele enfatiza que os homens devem reassumir um papel que abandonaram dentro da Igreja e destaca os graves danos provocados pela ausência masculina no testemunho das virtudes próprias da vida cristã e, por conseguinte, na transmissão de uma fé viva e autêntica.
No primeiro parágrafo, dom Olmsted resume o objetivo:
“Homens católicos, não hesitem ao entrar na batalha que está sendo travada ao seu redor: a batalha que está ferindo as nossas crianças e famílias, a batalha que está distorcendo a dignidade tanto dos homens quanto das mulheres. Esta batalha é frequentemente oculta, mas é muito real. Esta batalha é primordialmente espiritual, mas está matando mais e mais o que resta do caráter cristão da nossa sociedade e cultura, inclusive dentro dos nossos próprios lares”.
A impressionante resposta que o documento suscitou demonstra que a batalha é verdadeira.
“Fiquei surpreso com a recepção entusiasmada em nossa diocese e além dela, até mesmo além dos Estados Unidos. Há algo que o Espírito Santo está fazendo agora mesmo na Igreja e que parece articulado nesse documento”, disse o bispo ao informativo diocesano The Catholic Sun, acrescentando: “Eu acredito que o Espírito Santo está nos pedindo uma apreciação mais profunda do fato de estarmos envolvidos numa batalha espiritual real, e de que os homens são chamados a enfrentar esta batalha com a ajuda de Deus, com confiança na graça de Deus, mas também com valentia e junto com outros homens”.
A importante organização dos Cavaleiros de Colombo tem recomendado a leitura e a prática da exortação aos seus afiliados, que passam de 1,5 milhão só nos Estados Unidos. Dom Olmsted comenta:
“Realmente queríamos chamar os homens à ação; não só ter bons pensamentos, mas tomar atitudes decisivas, primeiramente na vida cotidiana, com a oração diária, oração em família, Eucaristia dominical, exame de consciência diário e confissão regular […] A exortação não é para fazer isso cada um por sua conta, e sim para mostrar que precisamos nos unir, entendendo quem somos como filhos amados de Deus e nos encorajando mutuamente para viver essa realidade”.
Em outras palavras: homem que é homem reza, sim.
Quanto à debilitação da masculinidade, ela é resultado (proposital) de uma cultura laicista que se arroga um poder que não tem: o de cancelar as especificidades dos sexos em nome de uma suposta “neutralidade de gêneros”, conceito que não é apenas artificial, mas abertamente antinatural.