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Voto católico: isso existe?

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Marcelo López Cambronero - publicado em 29/09/16

É um erro capital pensar que a experiência de Cristo não tenha relevância em todos e cada um dos atos cotidianos, em todas e cada uma das nossas práticas e preocupações

As eleições, em qualquer estado democrático do mundo, tem um efeito curioso sobre os católicos: ao mesmo tempo em que sentimos a responsabilidade de ajudar na construção da casa comum, também nos sentimos confusos, perdidos, muitas vezes obrigados a escolher “o mal menor”.

Do meu ponto de vista, chegamos a esta situação devido à perda de sentido do nosso pertencimento ao povo de Deus – um pertencimento que também é político. Nós, cristãos, somos uma “nação de nações”, configurada pelo nosso “ser de Cristo”. É um pertencimento que não provém de nenhuma decisão ideológica, nem consiste em estar de acordo com alguma série de postulados abstratos; é um pertencimento que provém do fato fundamental de termos encontrado o Senhor e caminharmos rumo a Ele e junto com Ele.

Convém recordar que a Eucaristia é o primeiro e mais importante “ato político” no mundo. A celebração da Eucaristia na mais humilde das paróquias é um ato político de dimensão incomparavelmente maior que qualquer cúpula de chefes de Estado. O motivo é que, ao comungarmos, somos incorporados ao Corpo de Cristo e nos tornamos um só, com Ele e com os nossos irmãos, num laço que é mais real e mais verdadeiro que os laços do sangue e da cidadania.

Todas as teologias pagãs sustentadas no mundo contemporâneo são meros esforços grosseiros para simular um pertencimento semelhante.

É decisivo que compreendamos isto: existem formas de gerir as relações de intercâmbio de recursos (economia), o crescimento pessoal (educação) e o bem comum (política) que nascem do encontro com Cristo e que são substancialmente diferentes, nesses âmbitos e em outros tantos, das que provêm das teologias pagãs nas quais se alicerça a mentalidade dominante.

É um erro capital pensar que a experiência de Cristo não tenha relevância em todos e cada um dos atos cotidianos, em todas e cada uma das nossas práticas e preocupações.

Por isso, a primeira decisão política não é em quem votar, mas sim a decisão de acolher ou rejeitar Jesus Cristo como centro da própria vida.

As dificuldades que vivemos para definir o nosso voto se tornam mais evidentes quando tentamos decidir a partir de argumentos morais. A moralidade é importante, mas, separada do seu sentido, que é Cristo, até ela se reduz a simplesmente mais uma ideologia.

A famosa Carta a Diogneto(leia esta preciosidade AQUI), que é todo um manual sobre política cristã, declara que o povo de Deus vive no meio dos outros, mas de maneira assombrosamente diferente; por exemplo, “não abandonando os filhos de suas entranhas”.

O autor da carta evoca o fato de que as famílias cristãs, na época dos romanos, iam até os lugares em que os pagãos abandonavam os filhos recém-nascidos que não desejavam assumir e os adotavam como próprios, e que esta forma de viver não surgia de uma simples rejeição ideológica ao aborto e ao infanticídio, mas sim de uma superabundância de amor, que se derramava sobre todos os aspectos da vida.

Ao entendermos isto, percebemos que a solução não é criar uma espécie de “partido católico”, porque ele mesmo só poderia participar do jogo se aceitasse os pressupostos do poder, que são pagãos: os partidos partem da ideia de que as relações humanas, todas elas, mas em especial as econômicas, são movidas pelo interesse. É consequência básica que se preocupem, portanto, em manter seus privilégios e permanecer no poder adaptando suas “opiniões” ao que redundar em seu proveito conforme cada contexto.

Li, recentemente, que o Partido Comunista chinês vem derrubando as cruzes cristãs porque tem medo da força dessa comunidade – que, no Ocidente, está praticamente dissolvida. O motivo é que o cristianismo, quando vivido com plena consciência, transforma impérios, derruba tiranias e faz germinar com força as sementes do bem comum.

Onde está agora esse povo, o povo de Deus, ao qual eu pertenço?

Está calado, submisso, porque se tornou infiel à única possibilidade de beleza, de paz e de entendimento que existe na terra. Ainda assim, esse povo, essa nação de nações, é a esperança do mundo, porque traz em seu seio a presença do Ressuscitado, daquele que revela ao homem quem ele é e qual é a altura da sua vocação.

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