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Britânicos vencem o Nobel de Física por pesquisas sobre matéria “exótica”

The world’s most famous physicist tells his own story – pt

Blirk.net

Agências de Notícias - publicado em 04/10/16

Os britânicos David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz foram anunciados nesta terça-feira como os vencedores do Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre os estados “exóticos” da matéria, que no futuro podem ajudar a criar computadores quânticos.

Os três cientistas descobriram inesperados comportamentos da matéria e conceberam um método matemático para explicar as estranhas propriedades.

“Suas descobertas permitiram avanços na compreensão teórica dos mistérios da matéria e criaram novas perspectivas para o desenvolvimento de materiais inovadores”, destacou a Fundação Nobel.

Thouless, 82 anos, nascido na Escócia, é professor emérito na Universidade de Washington em Seattle (noroeste dos Estados Unidos). Ele receberá metade do prêmio, ou seja, quatro milhões de coroas (417.000 euros).

A outra metade será dividida entre Haldane, 65 anos, nascido em Londres e que é professor na Universidade de Princeton (Nova Jersey), e Kosterlitz, também nascido na Escócia em 1942, que trabalha na Universidade Brown em Providence (Rhode Island).

“A maioria das grandes descobertas acontece desta maneira: caem sobre você e você tem a sorte de perceber que está diante de algo muito interessante”, afirmou Haldane à Fundação Nobel depois do anúncio do prêmio.

“É tão surpreendente que você demora um tempo a perceber” completou.

– Os estados exóticos -“Os premiados deste ano abriram o caminho para um mundo desconhecido, onde a matéria pode passar por estados exóticos. Eles utilizaram métodos matemáticos avançados para estudar fases ou estados inusuais da matéria, como os supercondutores, os superfluidos e os filmes finos magnéticos”, explicou a Fundação Nobel.

Thouless, Haldane e Kosterlitz estudaram os “isolantes topológicos”, uma nova forma de material que foi se tornando cada vez mais conhecido nos últimos 10 anos.

Os supercondutores e/ou superfluidos têm aplicações potencialmente revolucionárias para a concepção de computadores quânticos.

Os grandes grupos de tecnologia e os laboratórios de pesquisa trabalham há muitos anos sobre os computadores quânticos, que seriam muito mais potentes que os atuais, com a capacidade de utilizar surpreendentes propriedades das partículas, o que permite ir além das regras da Física clássica.

A informação mais elementar dos computadores atuais é um “bit”, um sistema necessariamente binário (0 ou 1). Um computador quântico usaria “bits quânticos” ou “qubits”, capazes de ter vários valores ao mesmo tempo e, potencialmente, fazer um maior número de cálculos de forma paralela, o que reduziria muito o tempo necessário para realizar uma tarefa.

– Uma enorme fragilidade -A principal dificuldade para conceber um computador do tipo é que este é particularmente frágil: seria necessário isolar individualmente todas as suas partículas de influências externas para preservar seu estado quântico, o que requer temperaturas muito reduzidas e câmaras protegidas contra radiações eletromagnéticas, entre outros possíveis problemas.

E aqui entram em jogo os “isolantes topológicos”, que têm a particularidade de conservar suas propriedades em estados “estranhos ou exóticos”, como o frio extremo.

Os governos também se interessam pelo computador quântico para poder decifrar rapidamente qualquer código informático que proteja sigilos bancários, médicos, informações do setor de defesa ou do mundo empresarial.

Os documentos divulgados por Edward Snowden, ex-consultor da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana, revelaram que a agência tentava criar um computador deste tipo.

Em 2015, o japonês Takaaki Kajita e o canadense Arthur McDonald venceram o Nobel de Física por suas pesquisas que estabeleceram que os neutrinos – partículas elementares – têm massa.

O prêmio de Física é o segundo da temporada Nobel. Na segunda-feira, o japonês Yoshinori Ohsumi venceu na categoria Medicina por suas pesquisas sobre autofagia e regeneração celular.

(AFP)

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