Uma dica: o contrário do amor é o egoísmo. Vamos falar de dinheiro no relacionamento?Misturar as palavras dinheiro e casamento é tão complicado quanto misturar política e religião. E é um problema real, hoje, para muitíssimos casais: fala-se cada vez mais do “meu” e do “teu” e cada vez menos do “nosso”.
Para a sociedade de hoje, dinheiro é poder. Esta premissa, no entanto, traz consequências devastadoras quando a transformamos em regra de convivência familiar.
Não vamos abordar aqui os casos de patologia, mas simplesmente a falta de generosidade e de vontade para compartilhar – ou o excesso de desejo de dominar.
O egoísmo é o pior mal que pode haver numa relação familiar. A pessoa egoísta não é egoísta só com seus bens materiais, mas também com a “quantidade” e a qualidade de amor que oferece à família. Por exemplo, é muito raro ver um avarento ser generoso com seu tempo. E essas personalidades focadas em si mesmas provocam problemas graves no matrimônio.
A falta de generosidade afeta vários âmbitos relacionais, como a comunicação, o espaço, o tempo, os olhares, a atenção, o carinho, o respeito… E a lista segue.
O egoísmo não é só dos outros: é bem provável que, em muitos casos, sejamos nós os egoístas – embora prefiramos apontar o dedo para o próximo. Um exemplo trivial, que foi (e ainda é) relativamente comum ao longo das últimas décadas: a esposa sai para fazer compras supérfluas sem considerar o valor do dinheiro nem se importar com as necessidades familiares reais que poderiam estar sendo cobertas. Por sua vez, de maneira igualmente tóxica, o esposo considera tudo prescindível e não gosta de oferecer à esposa nenhuma pequena satisfação material. Cada um está olhando para si próprio.
Ser generoso é olhar para o outro: mais especificamente, para a necessidade real do outro. Não é dar o que sobra, o que não exige esforço, mas também não é satisfazer caprichos.
Qual seria o modelo perfeito de gestão econômica num casamento?
Considerando que os dois cônjuges são responsáveis, podem ser de ajuda as seguintes dicas:
1 – Elaborar um orçamento familiar
Isto é imprescindível. Os dois precisam estar de acordo quanto aos gastos e priorizar o bem-estar da família. Com isto claro, os próximos passos são mais fáceis de seguir.
2 – Contas bancárias compartilhadas
Não importa quem ganha mais: todo o dinheiro gerado por ambos deve servir para o bem de ambos – e, obviamente, dos filhos. Se o orçamento familiar for usado corretamente, não deverá decorrer nenhum problema desta forma de organização bancária.
3 – Emergências e imprevistos
O orçamento familiar deve considerar uma reserva para imprevistos, e, quando eles surgirem, o casal deve discutir junto como enfrentá-los.
4 – Viagens e pequenos “luxos”
Se houver excedentes, o casal deve decidir junto como gastar esse dinheiro, que também faz parte do patrimônio familiar.
5 – Generosidade que vai além da família
Compartilhar com os outros, que podem ter necessidades inimagináveis, é um ato de amor que traz como principal benefício o crescimento e fortalecimento da própria família, porque nos leva a crescer na virtude e, portanto, a nos tornar pessoas cada vez mais plenas. Sempre existe alguém a quem podemos ajudar.
6 – Ter uma sensata escala de prioridades
O que vale mais: acumular dinheiro com avareza ou usá-lo com sabedoria para proporcionar experiências em família? Ou, em outro extremo, o que vale mais: gastar dinheiro como se não houvesse amanhã ou manter uma prudente reserva para o futuro? É sempre necessário ficar de olho no sadio equilíbrio.
Todos os casais podem e devem desterrar qualquer indício de egoísmo. Não é opcional. “O egoísmo fomentado pela sociedade de consumo e pelo comodismo deve ser contra-atacado pela entrega incondicional de quem age de modo responsável e generoso, como filho de Deus. Esta é a raiz de uma boa convivência familiar” (David Isaacs, em seu livro “Virtudes para a convivência familiar”).
_________
A partir de artigo da Catholic Link (em espanhol)