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Extremistas mudam de aspecto em Mossul com o avanço das tropas iraquianas

<p>Combatentes curdos peshmergas comemoram em caminhonete enquanto se dirigem a Mossul, em 17 de agosto de 2014</p>

Agências de Notícias - publicado em 26/10/16

Diante do avanço das forças iraquianas e curdas, os combatentes do Estado Islâmico (EI) em Mossul começam a mudar de aspecto, com a barba aparada e roupas diferentes, em uma tentativa de passar desapercebidos na cidade.

“Vi integrantes do Daesh (acrônimo do Estado Islâmico em árabe) e seu aspecto mudou completamente”, afirmou um morador de Mossul, que se apresentou como Abu Saïf, à AFP.

“Cortaram a barba e mudaram as roupas para se misturar entre a população”, completou Saïf, ex-empresário, no 10º dia da ofensiva de Mossul.

Nesta quarta-feira, as unidades de elite iraquianas estavam a cinco quilômetros dos bairros da zona leste de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, com 1,5 milhão de habitantes.

Nas outras frentes, as tropas estão mais afastadas, em particular no sul.

Para Abu Saïf, os jihadistas mudam de aspecto “porque têm medo dos franco-atiradores ou porque se preparam para abandonar a cidade”.

Outro morador disse que não observou nos hotéis de Mossul os comerciantes sírios que faziam vários negócios na cidade com a anuência do EI.

Muitos extremistas abandonaram a zona leste de Mossul para retornar à margem oeste do Tigre, o rio que atravessa a cidade, onde o EI tem um reduto, indicaram moradores e fontes americanas.

Os habitantes de Mossul têm acesso estritamente limitado à televisão e internet, mas escutam com clareza o som dos combates nas zonas norte e leste da cidade.

Eles contam ainda que os aviões da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos sobrevoam a cidade com altitude menor que nos dias anteriores.

A ofensiva acontece de acordo com o planejado, afirmou na terça-feira o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, anfitrião de uma reunião de ministros de 13 países da coalizão.

“O Daesh não caiu, mas o Daesh vacila”, declarou Le Drian.

Apesar do desequilíbrio de forças no campo de batalha – entre 3.000 e 5.000 combatentes do Estado Islâmico entrincheirados em Mossul, 10 vezes menos que o número de oficiais mobilizados pelo governo e seus aliados -, o avanço iraquiano acontece de forma prudente e lenta, em consequência das táticas de guerrilha do EI e do espírito de sacrifício de seus homens.

“Há uma semana o EI utiliza uma quantidade extraordinária de armas de tiro indiretas (morteiros, foguetes, etc) e de carros-bomba”, afirmou na terça-feira o general Stephen Townsend, principal comandante militar da coalizão.

Os homens-bomba refinaram a técnica dos atentados. Eles posicionam os carros-bomba atrás de muros ou dentro de residências, à espera da passagem das tropas para provocar uma surpresa de último momento, disse o general americano.

Como temiam as organizações de defesa dos direitos humanos, à medida que os combates se aproximam de Mossul aumenta o número de civis deslocados.

Na terça-feira, o governo deu abrigo a mais de 3.300 deslocados, o maior número desde o início da ofensiva em 17 de outubro.

A ONU calcula que o número de deslocados pelo conflito pode chegar a quase um milhão.

Desde o início da ofensiva terrestre contra Mossul, foram registrados 8.940 deslocados, de acordo com os números da ONU.

“Ainda temos poucos refugiados porque a batalha de Mossul não começou até o momento. Mas a nossa previsão é de um fluxo enorme e a ajuda da comunidade internacional não está à altura das promessas. Se nada mudar, caminhamos para uma catástrofe”, advertiu esta semana um oficial do exército iraquiano.

(AFP)

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