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Raqa, a ‘cidade modelo’ do EI na Síria

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Agências de Notícias - publicado em 06/11/16
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Raqa é a primeira grande região controlada pelo grupo Estado Islâmico (EI), e os extremistas quiseram torná-la uma “cidade modelo” de seu califado autoproclamado nos territórios conquistados na Síria e no Iraque.

“Raqa é a verdadeira capital do EI”, afirmou o secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos, Anthony Blinken, pouco depois do início, no dia 17 de outubro, da operação para retomar Mossul, reduto dos extremistas no Iraque.

“A partir desta cidade, o Daesh planeja os ataques externos”, acrescentou, utilizando o acrônimo em árabe do EI, que está por trás de muitos atentados no mundo, sobretudo na França.

Para os dirigentes ocidentais, a erradicação do Estado Islâmico passa obrigatoriamente pela recuperação de Raqa, contra a qual a coalizão internacional anti-extremista realizou seus primeiros bombardeios em setembro de 2014.

Esta cidade, situada às margens do rio Eufrates, a 100 km da fronteira turca, contava com 240.000 habitantes antes do início do conflito na Síria, em 2011. Em 2013, foi a primeira capital provincial a cair nas mãos dos grupos armados contrários ao regime do presidente Bashar al-Assad.

No início de 2014, a organização que se converteria no EI meses mais tarde expulsou à força os outros grupos presentes na cidade.

– “Rotatória do inferno” –

O EI fará de Raqa a “cidade modelo” de seu califado autoproclamado nos territórios conquistados na Síria e no Iraque, explicava no ano passado Hicham al Hachimi, especialista em grupos islamitas.

O grupo quer administrá-la “como um governo central” que garanta uma polícia, uma justiça e serviços como educação.

Paralelamente, os habitantes de Raqa são vítimas de um regime de terror.

No centro da cidade, a rotatória Paraíso foi rebatizada como “rotatória do inferno” pelos habitantes, devido às execuções: cabeças decapitadas ou corpos crucificados são expostos com frequência por vários dias, uma forma que o EI encontrou de desencorajar qualquer dissidência.

Em outra praça da cidade, os extremistas vendem escravas sexuais, sobretudo integrantes da comunidade yazidi, uma minoria de língua curda considerada herege pelo EI.

Segundo testemunhos de militantes de grupos como “Raqa é Massacrada em Silêncio”, os extremistas proíbem os cigarros, obrigam os homens a deixar a barba crescer e as mulheres a usar o niqab, as roupas pretas que as cobrem da cabeça aos pés.

Colocaram em vigor novos programas escolares e para algumas profissões, como médicos, professores ou taxistas, foram aplicados testes sobre a sharia (lei islâmica).

Ali é proibida a venda de bebidas alcoólicas, assim como os manequins nas lojas, onde homens e mulheres não têm o direito de comprar juntos, salvo se estiverem casados.

Segundo os serviços de informação ocidentais, Raqa é uma das cidades sírias onde muitos extremistas estrangeiros chegaram.

Segundo Hashimi, estes últimos se beneficiam de um “tratamento preferencial” em relação à população local, “considerada inferior”.

(AFP)

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