Uma conversa misteriosa de futuro santo para futuro santoSão Padre Pio de Pietrelcina foi um dos pouquíssimos santos que experimentaram no próprio corpo os sinais visíveis e tangíveis da Paixão de Cristo.
O mistério dos estigmas de Cristo sofridos pelo santo incluía também as mesmas dores terríveis da chaga das costas, confirmando o que tinha sido revelado diretamente por Jesus a São Bernardo sobre essa ferida dolorosíssima.
A descoberta sobre as dores terríveis sofridas pelo Padre Pio na altura dos ombros foi feita depois da sua morte por um amigo e filho espiritual do sacerdote, o frei Modestino de Pietrelcina.
Esse frade leigo, conterrâneo do Padre Pio, ajudava o santo em ocupações de caráter doméstico. O padre lhe tinha dito, em certa ocasião, que sentia uma das suas maiores dores na hora de trocar de camisa. Frei Modestino pensava que ele se referisse à dor de desgrudar a camisa do ferimento no lado – e só entendeu de qual chaga realmente se tratava quando foi reorganizar as vestes do santo, já falecido, em 4 de fevereiro de 1971.
Nessa data, o padre guardião do convento encarregara ao frade recolher tudo o que tinha sido usado pelo Padre Pio e guardar esses itens em sacos de nylon. Foi então que ele encontrou a camisa com uma grande mancha na altura do ombro direito, perto da clavícula. A mancha tinha cerca de 10 centímetros: mais ou menos o mesmo tamanho da que vemos no Santo Sudário. Tirar a camisa deve ter causado dores realmente intensas ao Padre Pio se a chaga estava em carne viva e os ossos ainda estavam quebrados. Não se sabe, porém, se essas fraturas foram observadas no esqueleto do padre quando de sua morte.
“Relatei essa descoberta imediatamente ao padre superior”, recorda o frei Modestino. “Ele me disse para escrever um breve relato. O padre Pellegrino Funicelli, que tinha auxiliado o Padre Pio durante anos, também me disse que, ao ajudá-lo algumas vezes a trocar a camisa de lã, quase sempre notava, ou no ombro esquerdo ou no direito, um ferimento circular”.
A dor e o perfume
O frade prossegue seu relato:
“Uma confirmação importante me veio do próprio Padre Pio. Uma noite, antes de dormir, eu lhe fiz com muita fé esta oração: ‘Padre, se tinhas mesmo a chaga no ombro, dá-me um sinal’. Adormeci. Mas, exatamente à uma e cinco daquela noite, quando eu dormia tranquilamente, uma dor aguda no ombro me fez acordar de repente. Era como se alguém tivesse me atingido com uma faca no osso da clavícula. Se aquela dor tivesse durado mais alguns minutos, eu acho que teria morrido. Ao mesmo tempo, ouvi uma voz que me dizia: ‘Foi assim que eu sofri’. Um perfume intenso me envolveu e encheu toda a minha cela. Senti o coração transbordando de amor de Deus e tive também uma sensação estranha: ser privado daquele sofrimento insuportável era ainda mais doloroso que a própria dor. O corpo queria rejeitá-la, mas a alma, inexplicavelmente, a desejava. Era ao mesmo tempo dolorosíssima e doce. Eu finalmente tinha entendido!”.
O encontro com o futuro Papa João Paulo II
Ninguém jamais soube daquela chaga, com exceção apenas do futuro Papa João Paulo II. E, se o frade santo só a revelou a ele, é porque alguma razão devia ter.
O livro “A Autobiografia Secreta“, organizado por Francesco Castelli, historiador da postulação da causa de beatificação de João Paulo II e professor de História Moderna e Contemporânea da Igreja em Taranto, no sul da Itália, informa que o cardeal Andrzej Maria Deskur tinha contado, numa entrevista, sobre um encontro em San Giovanni Rotondo, em abril de 1948, entre o então padre Karol Wojtyla e o fradre que experimentava os estigmas da Paixão.
Foi naquela ocasião que o Padre Pio contou ao futuro Papa da existência da “chaga mais dolorosa“.