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Pamela Anderson: “Pornografia é coisa de perdedores”

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Philip Kosloski - publicado em 20/12/16
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“Uma experiência sexual saudável e carinhosa exige intimidade e respeito, duas coisas que o vício em pornografia destrói”Pamela Anderson, que no passado fez fama mundial como “coelhinha da Playboy”, levanta hoje a voz contra os perigos da pornografia.

Junto com o rabino Shmuley Boteach, ela publicou um texto nada menos que no influente Wall Street Journal para afirmar que a pornografia exerce um “efeito corrosivo na alma de um homem e no exercício das suas capacidades como marido e pai. Trata-se de um risco público de seriedade sem precedentes, dada a livre disponibilidade, o acesso anônimo e a fácil difusão da pornografia hoje em dia“.

Ou, como Pamela Anderson resume sem rodeios: “A pornografia é para os perdedores“.

A ex-estrela do comércio erótico também publicou uma nota de imprensa sobre o seu artigo.

Falo com experiência e autoridade sobre os efeitos nocivos do fácil acesso à pornografia. Fico feliz por unir os meus esforços aos do Rabino Shmuley a fim de conscientizar o público sobre as vidas inocentes que a pornografia tem destruído e os relacionamentos que ela está minando. É preciso reagir imediatamente. Uma experiência sexual saudável e carinhosa exige intimidade e respeito, duas coisas que o vício em pornografia destrói, e eu estou empenhada em difundir esta consciência fundamental e em proteger as pessoas vulneráveis que estão escravizadas pela indústria do sexo e pelos relacionamentos abusivos“.

É uma reviravolta surpreendente para uma mulher cuja carreira na pornografia se estendeu ao longo de vinte e dois anos e que apareceu em mais capas da revista Playboy que qualquer outra modelo.

Ao mesmo tempo, a sua pública postura contra a indústria que a tornou famosa é um fato com que ela tem lidado a vida toda, como resposta às lembranças de exploração sexual que ainda a atormentam.

Em recente entrevista ao New York Times, Pamela Anderson contou que foi “molestada por uma babá dos 6 aos 10 anos de idade, estuprada por um homem de cerca de 20 anos quando ela tinha 12, e de novo agredida sexualmente aos 14 anos pelo namorado e por seis amigos dele“.

A ex-musa do pornô criou em 2014 a Fundação Pamela Anderson, que defende os direitos humanos e animais e trabalha por causas como a denúncia do tráfico de pessoas e da violência doméstica.

O artigo de Pamela vem a público numa época em que os perigos da pornografia estão finalmente sendo abordados pela grande mídia. No início deste ano, o governador do Estado norte-americano de Utah, Gary R. Herbert, assinou uma resolução declarando a pornografia um perigo para a saúde pública, uma causa de amplos impactos na saúde individual e pública e um estopim de danos sociais. O popular ator Terry Crews confessou o seu próprio vício em pornografia. Poucas semanas atrás, Elizabeth Smart se juntou à campanha e confessou que, durante o seu cativeiro, “a pornografia piorou o meu inferno“: trata-se de uma jovem mulher, hoje com 28 anos, cuja dramática história se tornou conhecida nos EUA por conta do longo sequestro que sofreu quando era adolescente. O próprio Partido Republicano declarou que “a pornografia, com seus efeitos nocivos, especialmente contra as crianças, tornou-se uma crise de saúde pública que está destruindo a vida de milhões de pessoas“.

Pamela Anderson e o rabino Boteach mencionaram em seu artigo o recente escândalo de sexting envolvendo o ex-congressista americano Anthony Weiner. Sexting é o nome dado à cada vez mais difundida prática de expor a própria intimidade mediante o intercâmbio de mensagens, fotos e vídeos de explícito conteúdo sexual através de dispositivos como smartphones. “Se alguém ainda duvidava da devastação que o vício em pornografia provoca nas pessoas mais próximas do viciado, considerem o casamento, agora destruído, de Anthony Weiner e Huma Abedin, uma ruptura que ela decidiu (…) após o choque de saber que o ex-congressista tinha incluído o próprio filho de 4 anos numa foto lasciva compartilhada com uma pessoa praticamente desconhecida“.

Pamela e Boteach estão tentando levar adiante uma “revolução na sensualidade” a fim de reconciliar a sexualidade com o relacionamento amoroso e fazer com que o sexo deixe de ser um mero espetáculo de consumo.

Eles desafiam os homens, em particular, a “assumirem o compromisso: chega de indulgência com a pornografia“.

E escrevem: “Temos que educar a nós mesmos e os nossos filhos para entender que a pornografia é coisa de perdedores: um beco sem saída e um entediante desperdício”.