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O dia em que São João Evangelista resgatou um cristão que tinha virado bandido

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Randy OHC

Aleteia Brasil - publicado em 27/12/16

Quando João o abraça, o jovem confessa os seus pecados, "batizando-se pela segunda vez com as lágrimas"

O bispo Eusébio, do século IV, registou na sua “História da Igreja“, Livro III, Capítulo 23, “uma narrativa sobre João, o Apóstolo, que foi transmitida de voz em voz e atesourada na memória“.

O que essa narrativa nos conta é que São João Evangelista acaba de retornar do exílio na ilha de Patmos e está viajando por vários lugares para ordenar bispos. Em uma das cidades, ele mostra especial preocupação com o bem-estar espiritual de um jovem e exorta o bispo local:

Este jovem eu confio a você com toda a seriedade, na presença da Igreja e com Cristo como testemunha“.

O bispo aceita a missão, mas, depois que João volta para casa, em Éfeso, repassa a tarefa de instruir e batizar o jovem a um dos seus presbíteros. Julgando erroneamente que o jovem agora é forte na fé, o sacerdote relaxa a disciplina muito cedo. É aí que as coisas começam a ir ladeira abaixo.

Seduzido por “entretenimentos caros“, o jovem começa a andar com más companhias que o convencem a cometer um roubo junto com eles. O rapaz sabe, em sua consciência, que os seus atos são graves, e, vendo o quanto seus crimes foram sérios, começa, infelizmente, a perder a esperança na misericórdia de Deus. Julgando-se perdido para sempre, ele se joga ainda mais no crime, e, como Eusébio descreve, se torna “um chefe criminoso ousado, o mais violento, truculento e cruel de todos eles“.

Algum tempo depois, João visita aquela igreja de novo e pede ao bispo: “Restaura-nos o depósito que tanto eu quanto Cristo confiamos a ti, tendo por testemunha a igreja que presides“.

No início, o bispo fica confuso, pensando que João se refere ao dinheiro, mas o Apóstolo esclarece que fala “do jovem e da alma do irmão“. O bispo explode em lágrimas e confessa: “Ele está morto, morto para Deus. Ele se tornou mau e agora é um bandido. E, em vez de frequentar a igreja, ele assombra as montanhas com um bando de iguais a ele“.

João, de acordo com Eusébio, “rasga as suas vestes e, batendo a cabeça com grande lamentação“, clama: “A que bom guardião eu confiei a alma de um irmão! Mas trazei-me um cavalo e que alguém me mostre o caminho“. João monta e parte em busca do esconderijo do agora criminoso.

Quando chega perto, é feito prisioneiro por alguns dos ladrões. Ele não resiste, mas exige encontrar o líder. O jovem está de pé, armado, quando João se aproxima. Ao reconhecer João, ele “foge, cheio de vergonha“.

São João Evangelista, que estaria então entre os 70 e os 80 anos, “se esquece da idade, o persegue com todas as forças” e grita para ele:

Por que, meu filho, foges de mim, teu próprio pai, desarmado e ancião? Tem piedade, meu filho; não temas; ainda tens a esperança da vida. Eu darei contas de ti a Cristo. Se necessário, suportarei de bom grado a morte, como o Senhor sofreu a morte por nós. Por ti eu darei a vida. Levanta-te, crê; foi Cristo que me enviou“.

O jovem para, abaixa o olhar, solta as armas e começa a “tremer e chorar amargamente“. Quando João o abraça, o jovem confessa os seus pecados, “batizando-se“, como diz Eusébio, “pela segunda vez com as lágrimas“.

Vamos deixar Eusébio contar o resto da história:

João, comprometendo-se e assegurando-lhe sob juramento que ele iria encontrar o perdão do Salvador, ajoelhou-se diante dele, beijou-lhe a mão direita como se agora purificada pelo arrependimento e o levou de volta para a igreja. E intercedendo por ele com orações abundantes, e lutando junto com ele em jejuns contínuos, e fazendo à sua mente várias declarações, ele não se afastou, como se costuma dizer, até reintegrá-lo à igreja, provendo um grande exemplo de verdadeiro arrependimento e uma grande prova de regeneração, um troféu de visível ressurreição“.

Isto é um Apóstolo.

Oremos pelos nossos bispos, para que, como sucessores dos Apóstolos, tenham a sabedoria e a coragem de acompanhar o exemplo de João Apóstolo e Evangelista – e que nós façamos o mesmo.

___________

Cf. postagem original

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BíbliaBisposConfissãoConversãoMisericórdiaPerdãoSantos
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