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Por que algumas pessoas têm vontade de jogar o trabalho para o alto?

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Aleteia Espanha - publicado em 27/01/17

Saiba o que fazer quando bater este desespero

Naquela manhã, eu estava exausto, às 6 da manhã, no aeroporto minúsculo de Karlsruhe, Alemanha, sentado sozinho no balcão de uma cafeteria deprimente, bebendo um café solúvel. Tinha vontade de jogar tudo para o alto e dizer: “mudei de profissão, vou me tornar um eremita no bosque…” Então, de repente, meu telefone vibrou com uma mensagem de meu sócio: “David, obrigado por seus sacrifícios em nome da agência, estou com você de todo coração…”

Frequentemente, pensamos que as pessoas abandonam um projeto, uma equipe, uma empresa, uma associação (inclusive uma paróquia) por algum problema com o chefe, pela remuneração ruim ou porque não enxergam nenhuma possibilidade de crescimento. São razões válidas, mas eu descobri, há pouco, que há uma razão subjacente aos diferentes motivos já mencionados.

Tenho vontade de deixar de ter vontade de abandonar tudo

Há algum tempo, decidimos passar um dia por mês com a equipe para investirmos nas relações pessoais. Falamos de emoções, bloqueios, perguntamos o que funciona e o que não funciona, estudamos, fazemos esporte juntos, etc. Tudo parte de um simples fato: a riqueza de nossa empresa depende das pessoas.

Na primeira reunião, estávamos todos ao redor de uma mesa e eu, com o coração cansado, tirei forças da minha fraqueza para explicar o que sentia por eles. “Rapazes… (sim, somos uma equipe formada somente por rapazes) estou no limite, tenho a impressão de que me sacrifico por nada, que me entrego muito e sinto que não sou compreendido, nem valorizado… quando vou até vocês para anunciar que consegui a assinatura de um novo contrato, vocês me jogam na cara tudo o que eu esqueci de dizer e o que eu deveria ter feito… tenho vontade de deixar tudo!” Eu não me sentia compreendido e começava,sinceramente, a considerar que em outras áreas eu poderia crescer de verdade.

No entanto, minha atitude estava fora de lugar. A preocupação não era a minha equipe, mas estava em mim e na minha capacidade de explicar minhas expectativas. O que eu queria era me sentir valorizado, útil, compreendido e reconhecido!

Naquele momento, encontrei um livro que nos ajudou muito – a mim e à minha equipe: “As 5 linguagens de valorização pessoal no trabalho”, de Gary Chapman. É a versão business de seu sucesso de vendas “As 5 linguagens do amor”. 

Só de se expressar, a coisa já melhora

O conceito é simples: todos temos uma maneira especial de nos sentirmos valorizados e reconhecidos e, frequentemente, empregamos a mesma maneira para valorizar as pessoas ao redor de nós. Uma das principais razões que nos motiva a mudar de equipe, de empresa ou de profissão é esse sentimento de não ser valorizado.

O livro propõe um teste para descobrir a linguagem principal e a secundária de cada um. Linguagens que nos fazem sentir valorizados. Para alguns serão as palavras de apreço, para outros, os presentes ou favores. Cada linguagem tem suas variáveis, por exemplo: palavras de reconhecimento em público ou frente a frente.

Descobri que sou uma pessoa que tem necessidade de se sentir apoiada. A mensagem de meu sócio, naquela manhã, me encheu de energia, me senti novamente capaz de enfrentar a semana de compromissos.

Aprender a nos compreender

Como líderes, precisamos entender que dinâmica funciona para nós e também para nossa equipe. A primeira tarefa é ser sincero… eu fiquei sumariamente vulnerável ao compartilhar o que sentia com minha equipe… tinha a impressão de ser uma criança pequena pedindo um beijo ao seu pai… mas, depois,  me preparei… Foi um pequeno momento incômodo , mas, agora, todos da equipe entendem melhor os desafios internos e todos também se motivaram a ser mais sinceros!

Às vezes, temos a impressão de que, se explicamos nossas expectativas aos outros, eles não serão sinceros conosco. Mas tenha em mente que o mais provável é que seus colegas não usem a mesma linguagem que você. Dessa forma, se você explicar suas expectativas, eles demonstrarão valor da maneira deles! Por exemplo: um presente não vai ter muito efeito para mim, mas talvez tenha para outro companheiro.

Estou certo de que minha equipe se entrega por mim, que trabalha duro, mas como minha linguagem principal é a das “palavras de agradecimento”,  a valorização direta deles não fazia sentido.

De minha própria maneira, tive de conhecer a linguagem da minha equipe. Descobri que para eles os favores são A CHAVE. Se eles compartilhassem comigo algum desafio, minha primeira reação seria responder: vocês têm 100% de apoio, estou certo que irão adiante, como de costume! Mas o que eles querem ouvir, na realidade, é: “Você não acredita que é muito pra você? Como posso ajudar ou aliviar a sua carga?”

Estou convencido de que esta é uma das razões que influenciam muitas pessoas a abandonarem suas organizações. É hora de remediar!

Por David Bonhomme

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