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Sentimos falta da elegância de Federer

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Ella Lind / Backpage Images / DPPI

Esteban Pittaro - publicado em 03/02/17

O retorno de um grande tenista, que tem a família como pilar de sua carreira

Esperamos pela final assim como o astrônomo espera a noite de chuva de meteoros. Seus antecessores na história do tênis despertaram de uma longa demora para, ao menos no Twitter, comentarem a emoção e relembrarem as melhores épocas do esporte. E o Aberto da Austrália foi para o príncipe sem principado, para o tributo à elegância esportiva: Roger Federer.

O título de seu retorno aos primeiros lugares não atingiu a qualificação de “grande retorno” como o do argentino Juan Martin Del Potro no ano passado, ou de “última grande batalha” como o Wimbledon de Goran Ivanisevic, em 2001. Isso simplesmente porque Roger nunca nos deixou, e, mesmo tendo deixado de jogar por seis meses por causa de uma lesão, ainda ocupava o 17.º lugar no ranking. Mas o suíço não ganhava um Grand Slam desde Wimbledon, em 2012. Era como se seu posto já tivesse sido passado a Novak Djokovic ou Andy Murray.

André Agassi reconheceu, recentemente, que, em sua opinião, o maior tenista de todos os tempos é Rafael Nadal. Entre outros motivos, porque ganhou mais disputas contra Federer do que perdeu. Mas – analisava Agassi, a elegância em um jogo do suíço faz com que ele seja o jogador que todos querem ver.

Com um revés suave e voraz e um drive simplesmente perfeito, que não deixa de chamar a atenção, em Federer estão todos os movimentos e técnicas tal como são ensinados para as crianças. Para quem quer aprender a jogar tênis, é o melhor tenista para observar. Na quadra, Federer é a elegância. É para o tênis o que Enzo Francescoli ou Johan Cruyff são para o futebol.

Fora da quadra, Federer confirma seu principado. É sempre discreto e nunca se envolveu em grandes polêmicas. E mais: sai dessas situações com a mesma sutileza com que golpeia um drive paralelo com um topspin.

Pat Cash acaba de criticá-lo por ele ter recorrido a um “truque” ao usar, em dois eventos esportivos consecutivos, uma pausa médica depois de perder o quarto set. Como se Feder nunca tivesse ganhado uma partida depois de perder um set… Além de falar de sua dor na perna, respondeu a Cash dizendo apenas: “sua crítica é exagerada”.

Durante quase toda a carreira do grande Roger, a ex-tenista eslovaca, Mirka Vavrinec, o acompanhou. Primeiro como noiva, depois como esposa. Eles se conheceram nos Jogos Olímpicos de Sydney. Aposentada das quadras desde 2002, raramente ela não acompanha o marido em suas partidas.

Eles se casaram em 2009 e, pouco tempo depois, chegaram as gêmeas Myla e Charlene. Em 2014, os também gêmeos Leo e Lenny. As fotos da família feliz não são vistas somente nas revistas da alta sociedade; não há exclusividade. A família Federer acompanha o papai e não reserva a alegria para nenhuma exclusividade jornalística.

Para dar um exemplo, Mirka o abraçou com muito carinho nos corredores do Aberto da Austrália depois da vitória e a foto se tornou viral. Como se tivesse algo autêntico na família Federer que custamos encontrar em fotos de outras famílias.

Roger declarou que não vai pressionar nenhum de seus filhos para seguir seus passos. ‘Honestamente, creio que tudo dependerá de como vão acontecer as coisas quando nos instalarmos na Suíça para vermos que esportes eles vão começar a praticar. Mas, acredito que para qualquer criança o importante é gostar do que faz, independentemente do esporte”, disse à BBC.

“O apoio e os conselhos dos pais são muito importantes… fazê-los entender que é um privilégio ir a aulas de tênis e disputar torneios. O mínimo que um filho pode fazer é se esforçar e mostrar uma boa atitude”, afirmou na mesma entrevista.

Esse apoio dos pais e esse estímulo que espera poder passar sem pressão para seus filhos são os mesmos que Federer recebeu dos pais dele, como declarou em uma entrevista de 2013. Os pais de Roger trabalharam para um laboratório farmacêutico. Hoje, eles aparecem nos jogos do suíço, apoiando-o juntamente com Mirka e as crianças.

A família é um pilar na sua carreira. Ele sempre se lembra disso antes de qualquer título. Em referência à esposa, depois de vencer Rafa Nadal na Austrália, afirmou: “Ela esteve comigo quando não tinha ganhado nenhum torneio e segue ao meu lado 89 campeonatos depois. Ela tem um papel fundamental em tudo isso. Ela sabe, eu sei, todos sabem.”

Eu poderia escrever páginas e páginas sobre os atributos esportivos e pessoais de Federer, que fazem dele uma das figuras esportivas mais importantes de todos os tempos. Uma para dizer que não nos incomodaria o fato de nossos filhos admirá-lo. Uma para pedir que ele nunca se aposente. Mesmo assim, entendemos que ele precisa chegar logo à Suíça para o merecido descanso junto à família, depois de entrar para a grande (muito grande) história do esporte mundial.

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