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O ateu Leandro Karnal dá uma dica-chave de formação sólida e válida para todos

Caricatura de Albert Einstein – pt

© DonkeyHotey

Reportagem local - publicado em 16/02/17

"Tenho dúvidas sobre quase tudo, mas uma certeza nunca se alterou"

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O escritor Leandro Karnal está longe de ser unanimidade entre os católicos por causa do seu declarado ateísmo e de várias posições ideológicas não compartilhadas, mas isso não quer dizer que ele não tenha nada de relevante e significativo a dizer a todos, inclusive aos católicos. É importante sabermos distinguir os pontos de vista divergentes – e isto implica ouvi-los e analisá-los com imparcialidade e objetividade.

É justamente sobre isso, aliás, que ele próprio fala no seguinte comentário: sobre a necessidade intelectual de lermos e concluirmos por nós mesmos em vez de nos atermos aos “resumos” empobrecidos e empobrecedores que abundam na internet sobre a obra de grandes autores de todos os tempos:

“Vários alunos me escrevem perguntando como devem estudar ou quais as dicas para uma formação sólida. Tenho dúvidas sobre quase tudo, mas uma certeza nunca se alterou. Faz toda diferença, em qualquer área, ler clássicos completos. Nas faculdades de humanas, é muito frequente dar aos alunos textos sobre um autor ou excertos de uma fonte importante. É um ensino que retalha o crescimento intelectual. Quando tratar de Santo Agostinho, não fique lendo fórmulas (ele é platônico etc) leia Agostinho mesmo. Pelo menos a Cidade de Deus e as Confissões. Examine bem o texto, anote dúvidas, sintetize. Depois, leia interpretações ou sínteses em manuais. O mesmo serve para Virgílio, Hobbes, Marx, Rousseau, Adam Smith. Alguns escreveram muito. Informe-se sobre as obras formadoras do pensamento de cada autor. Haverá, pelo menos, duas ou três centrais. O ideal é ler tudo de todos, mas é impossível. Assim, lendo coisas definidoras, você começa a transformar a maneira de pensar e sai do campo classificatório que domina a internet. Qualidade é fundamental: boa leitura sobre os textos. Liberte-se: você jamais lerá tudo na vida! Se tiver dúvida, ofereço uma certeza: você será muito mais recompensado intelectualmente pela leitura atenta de uma peça de Shakespeare do que lendo posts a esmo, inclusive meus. Eu passarei em breve, com certeza absoluta. Em 50 anos, eu, os que me amam, os que odeiam, seremos pó em arquivos… se tanto. Ainda restará Hamlet, Homero, Machado de Assis, Clarice Lispector. Estes são OS CARAS de verdade e para sempre. O resto? Somos um traque de vaidade perdidos no pântano narcísico das redes. Leve a sério a ideia: os clássicos fazem toda diferença no mundo, eu não. A única coisa que pode indicar um grama de importância é se eu conseguir estimular alguém a ler algo transformador e perene. No Brasil de hoje, incluindo-me, não temos nem aquela famosa linha B da intelectualidade antiga. Não temos um Condorcet comentando Rousseau ou D’Holbach invejando Montesquieu. Nem isto. Insisto com senso total de realidade: volte-se para os clássicos. Se você suspender a leitura de jornais /revistas/ sites por um ano ou dois e se dedicar a ler as obras completas de Aristóteles, creia-me, terá um ganho muito maior. Liberte-se do uroborus da internet e descubra a alta cultura. Você será outro”.

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