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Do confessionário ao divã: a Igreja precursora da psicoterapia

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Marcos Fernandez Diaz

Vanderlei de Lima - Igor Precinoti - publicado em 21/02/17

Prezado(a) leitor(a), você quer se sentir bem? – Eis os caminhos oferecidos em nome da ciência e da fé

A tecnologia, os meios de comunicação, as redes sociais, o acesso a produtos antes restritos e distantes, estão transformando o indivíduo e a sociedade. As certezas de ontem se tornaram “relativas”, as amizades e relacionamentos, que antes eram sólidos, passaram a ser virtuais e flexíveis.

Essas transformações trazem consigo alguns problemas, como, por exemplo, o de as pessoas se sentirem solitárias em meio a centenas de amizades virtuais e os sorrisos nas fotos compartilhadas frequentemente podem esconder uma infelicidade no interior do indivíduo. Esta triste constatação é evidenciada pelas estatísticas que demonstram um aumento expressivo nos índices de depressão, transtornos de ansiedade entre outros.

Um dos instrumentos que auxilia as pessoas a vencerem suas dificuldades existenciais, seus sofrimentos emocionais e conflitos interpessoais é a psicoterapia. Trata-se de um método de tratamento aplicado por profissionais capacitados, via de regra, psicólogos e psiquiatras, que tem como objetivo restabelecer o equilíbrio psíquico do paciente por meio de um processo de transformação interior.

Segundo Carl Jung, psiquiatra e psicoterapeuta fundador da psicologia analítica, que viveu no início do século XX, o processo de transformação promovido pela psicoterapia é composto de quatro etapas: a confissão, o esclarecimento, a educação e a transformação. Vejamos cada uma delas.

Na primeira etapa – a confissão – o paciente revela tudo o que até então permanecia oculto, verbalizando sua condição, descrevendo e compartilhando sua dor.

A segunda etapa – o esclarecimento – mostra que ao revelar o que era oculto, o paciente passa a entender melhor os seus sentimentos e a perceber suas emoções. O indivíduo compreende os motivos que o levavam ao sofrimento, reconhecendo suas fraquezas, suas verdades escondidas. Essa compreensão é chamada de insight.

Na terceira etapa – a educação – o paciente, conhecedor de suas fraquezas e compreendendo de forma diferente suas emoções e sentimentos, se prepara para assumir uma nova atitude diante da vida, enfrentando novos riscos.

A quarta etapa – a transformação – se dá quando há mudança efetiva no interior do indivíduo ou mudanças. Ele assume uma postura diferente em relação à vida.

Eis que a psicoterapia é um processo de transformação iniciado com o conhecimento de si mesmo e seu primeiro passo para esse processo é a confissão. Pois segundo Jung o “segredo e contenção são danos, aos quais a natureza reage, finalmente, por meio da doença”.

Dessa forma, pode-se afirmar que o papel de ajudar as pessoas a encontrarem seu equilíbrio emocional e psíquico, que hoje psicólogos e psiquiatras cumprem com maestria através da psicoterapia, foi, a seu modo, por muitos anos, realizado apenas pela Igreja através do sacramento da confissão. Confirmam-se, assim, as palavras de Jung no livro A pratica da psicoterapia “As origens de qualquer tratamento analítico da alma estão no modelo do sacramento da confissão”.

A confissão secular, na psicoterapia, e religiosa, na Igreja Católica, só pode fazer bem – embora em campos distintos – a quem a procura, pois perdoar a si mesmo e aos outros traz benefícios ao ser humano. Isso foi o que evidenciou um estudo realizado por Loren Toussaint, publicado no Journal of health psycology: depois de ouvir 148 adultos jovens concluiu que perdoar faz bem à saúde. Quem perdoa facilmente está menos sujeito ao estresse ou a outros problemas psíquicos do que aqueles que têm dificuldade de perdoar.

Prezado(a) leitor(a), você quer se sentir bem? – Eis os caminhos oferecidos em nome da ciência e da fé.

Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo; Igor Precinoti é médico, pós-graduado em Medicina Intensiva (UTI), especialista em Infectologia e doutorando em Clínica Médica pela USP.

Tags:
ConfissãoDepressãoPsicologia
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