Investigações jornalísticas aprofundam capítulo terrível (e muito pouco falado) da trajetória do Império BritânicoA perseguição religiosa, infelizmente, é uma vergonha comum a todos os países e confissões. Não há Estado que possa gabar-se de inocência nem religião que não tenha tido em sua história um período controverso e, para dizer o mínimo, embaraçoso. Quando olhamos friamente para a história, todos precisam pedir perdão.
No imaginário popular, a Inquisição Espanhola se tornou sinônimo de perseguição religiosa “por excelência”: essa ideia parte de um núcleo de verdade, mas é alimentada e exagerada por lendas negras propositalmente divulgadas contra a Igreja, conforme se pode observar nesta análise, nesta obra de um estudioso não católico e até mesmo nesta reportagem da respeitada (e laica) rede britânica de televisão BBC. A Inquisição foi cruel num grau menos extremo do que as pessoas costumam imaginar (e do que os professores anticlericais costumam “ensinar”), mas, ainda assim, foi cruel – e levou o Papa São João Paulo II a fazer um apreciado pedido de desculpas pelos erros históricos de filhos da Igreja.
A Inquisição Espanhola, no entanto, não é a “caça às bruxas” mais feroz da história cristã europeia. Católicos foram queimados e perseguidos na França e em outros países do continente, mas nada comparável à chocante e “silenciosa” perseguição perpetrada durante os reinados de Henrique VIII e Elizabeth Tudor a partir do cisma anglicano.
Um dedicado aprofundamento histórico realizado pelo jornal espanhol ABC vem apontando a brutalidade dessa repressão. As investigações levantaram, por exemplo, o início da repressão em 1534 e o quanto foi rápido o martírio dos monges da cartuxa de Londres junto com seu prior, John Houghton. “Eles foram enforcados e mutilados na Praça Tyburn como advertência contra uma ordem caracterizada pela austeridade e pela simplicidade“.
Em 1537 uma rebelião católica contra o rei levou à sentença de morte de 216 leigos, 6 abades, 38 monges e 16 sacerdotes.
Mais tarde, Maria Tudor ainda se tornaria a “Rainha sanguinária” – e não daria trégua sequer aos próprios anglicanos, que foram as maiores vítimas da vez. O poder e a utilização interessada da religião fariam o resto. Conforme apontado no estudo do ABC, foram executados por “heresia” quase 300 homens e mulheres entre fevereiro de 1555 e novembro de 1558. Muitos eram “inimigos de infância”.
Depois da Maria Tudor, subiu ao trono Elizabeth I. As coisas se acalmariam? Pelo contrário. É então quando começa realmente uma das fases mais terríveis do Império Britânico, marcada por uma das maiores perseguições religiosas de toda a História.
Ninguém estava a salvo: os católicos voltaram a ser os mais perseguidos, mas também sofreram os calvinistas, os quakers, os batistas, os luteranos, os congregacionistas e outros grupos religiosos.
Informações mais detalhadas podem ser conferidas diretamente no site do jornal ABC (em espanhol).