Um hospital inglês se tornou na quinta-feira o primeiro da nação a obter autorização para usar a técnica de fertilidade que envolve três progenitores, a fim de prevenir doenças hereditárias.
O Reino Unido se tornou no ano passado o primeiro país do mundo a oferecer legalmente tal tratamento, depois que o parlamento aprovou a legislação em dezembro.
Médicos do Centro de Fertilidade Newcastle, no nordeste da Inglaterra, no entanto, não poderão avançar com a técnica até que um pedido de um paciente individual tenha sido aprovado.
“Esta decisão representa o ponto alto de muitos anos de trabalho duro de pesquisadores, especialistas clínicos e reguladores”, disse Sally Cheshire, chefe da Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia (HFEA).
“Os pacientes agora poderão se candidatar individualmente ao HFEA para serem submetidos a um tratamento de doação mitocondrial em Newcastle, que será uma mudança de vida para eles, conforme procuram evitar transmitir doenças genéticas graves para as gerações futuras”.
Legisladores britânicos votaram em 2016 a favor do tratamento, no qual o DNA da mãe, do pai e de uma doadora são combinados para criar um bebê.
Mitocôndrias são estruturas nas células que geram energia vital e contêm seu próprio conjunto de genes, chamados mDNA, que é passado através da mãe.
As doenças mitocondriais causam sintomas que variam de problemas de visão a diabetes, e as autoridades de saúde estimam que cerca de 125 bebês nascem com tais mutações no Reino Unido todos os anos.
O primeiro bebê concebido usando a doação mitocondrial nasceu em 2016 no México, onde não há regras sobre o uso do procedimento, mas o Reino Unido é o primeiro país a autorizá-lo oficialmente.
Cerca de 3.000 famílias britânicas poderiam se beneficiar desse tratamento, mas Cheshire disse que acredita que “muitos não se apresentarão”.
O tratamento permanece controverso no Reino Unido e em outros países.
A Igreja Católica Romana se opõe ao tratamento, indicando que isso envolveria a destruição de embriões humanos como parte do processo, enquanto a Igreja da Inglaterra disse que as preocupações éticas “não foram suficientemente exploradas”.
(AFP)