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Carta aberta a um pai cansado

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Tom Hoopes - publicado em 27/03/17
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Exemplos inspiradores para adotar a oração em casa, apesar do cansaço no fim do diaQuerido “pai cansado”,

Eu li o seu comentário sobre as minhas dicas de como rezar o terço diariamente e pude senti a sua dor.

“No seu próximo artigo, você pode dizer alguma coisa para um pai que acredita no poder e beleza do terço, mas também pensa que está muito ocupado ou cansado para rezá-lo e, pior, esquece de fazê-lo em meio a todas as outras coisas que acontecem à noite? Este pai sou eu”.

Claro que eu posso dizer alguma coisa.

Anteriormente, eu disse que comecei a rezar o terço todos os dias por causa de Nossa Senhora de Fátima e por causa de São João Paulo o Grande. O que eu não disse foi que três pais, realmente, me inspiraram.

O primeiro foi Capitão Wojtyla.

Quando Karol Wojtyla encontrou seu pai morto em seu pequeno apartamento em Wadowice depois de voltar para casa da pedreira aos 19 anos, ele disse: “Nunca me senti tão sozinho.” Ele ficou ao lado do corpo durante a noite, orando e chorando.

Esta foi a mais recente série de perdas esmagadoras que o futuro Papa João Paulo II sofreu ao longo de sua vida, já que morreram um membro da sua família atrás do outro.

Era o tipo de coisa que o levaria ao desespero ou criaria a capacidade de grandeza dentro dele. Uma das razões pelas quais Karol não se devastou foi o exemplo de seu pai. A resignação e a fé do Capitão Wojtyla, depois da morte de sua esposa e dos dois irmãos de Karol foi uma poderosa lição para o futuro papa.

João Paulo lembrava-se de seu pai como “um homem de oração constante”, de acordo com o Testemunho de Esperança de George Weigel. Karol via seu pai de joelhos tarde da noite e de manhã cedo, orando. “Pai e filho liam a Bíblia juntos e rezavam o terço regularmente”, escreveu Weigel.

O adulto João Paulo II tinha muitos pais espirituais: São João da Cruz, Santa Faustina e São Louis Marie de Montfort. Mas, em seu leito de morte, uma enfermeira relatou que ele repetia uma oração ao Espírito Santo que ele aprendera com seu pai.

Eu penso que isso diz muito. Uma das maiores mentes espirituais de nossa vida encontrou sua âncora, no final, não em seus profundos estudos teológicos ou em sua familiaridade com os grandes místicos, mas na simples fé de seu pai viúvo.

O segundo foi o pai de Madre Teresa.

Juntamente com São João Paulo II, Madre Teresa é outro gigante católico de nossas vidas. Seu pai, Nikolle, morreu quando ela era jovem, mas o impacto dele na vida de Teresa foi enorme.

Nikolle Bojaxhiu era comerciante, político e, sobretudo, um homem da igreja. A família tinha devoção ao terço diário.

“Minha filha”, disse-lhe quando criança, “compartilhe sempre com os outros, especialmente com os pobres, até o mínimo de comida que você tiver. O egoísmo é uma doença do espírito que nos transforma em servos de nossas riquezas.”

“Meu pai tinha um coração amoroso”, disse uma vez Madre Teresa. “Ele nunca ignoraria os pobres. Estávamos muito unidos depois que ele morreu.”

É maravilhoso pensar que o coração desta grande santa missionária foi formado por um pai cansado, que rezava depois do trabalho.

Mas não foram apenas os pais dos grandes que me inspiraram. Meu compromisso com o terço tornou-se ininterrupto por causa de um pai que morreu em uma fazenda na Virgínia.

Fiquei profundamente comovido – e mudado – pelo exemplo de Thomas Vander Woude, que tinha 66 anos quando morreu.

Seu filho com síndrome de Down tinha de 18 anos de idade quando caiu em uma fossa séptica. Vander Woude entrou na fossa depois dele e conseguiu tirar o filho com segurança, mas no processo, desmaiou e se afogou.

Nós cobrimos a história quando eu estava no National Catholic Register e quanto mais detalhes eram divulgados sobre a vida do homem, mais eu ficava impressionado. Porém, o que mais me chamou a atenção foi uma declaração de seu filho, Dan:

“Ele cumpria a Hora Sagrada entre as duas e três da manhã e era alguém que rezava diariamente. Com o terço, costumava fazer uma oração a São José”, disse Dan. “Estas eram as coisas que observávamos em nosso pai. Nesta cultura consumista, eu tinha um pai de joelhos, que me ensinava como ser um homem de Deus”.

Eu não sou o homem que Thomas Vander Woude foi. Mas, por causa dele, eu me comprometi com uma Hora Santa do início da manhã. E por causa dele, não só insisto em rezar o terço todos os dias, mas também o faço de joelhos.

É da natureza humana os filhos imitarem os pais. Para o melhor ou para o pior.

Eles estão observando o que fazemos e estão ouvindo o que dizemos. Se adotarmos desculpas para a ausência na missa ou na oração, essas desculpas se tornarão princípios fundamentais para eles.

Mas, se eles nos ouvirem dizendo que a oração é importante e nos virem rezando, isso tomará raízes profundas. Se eles nos virem de joelhos, eles vão se sentir à vontade para ficar de joelhos também.

Você e eu provavelmente seremos esquecidos. Mas se fizermos isso direito, nossos filhos poderão mudar o mundo um dia.