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Havia um santo a bordo do Titanic?

Padre Byles Titanic

Foto do Pe. Byles sobre gravura de Willy Stöwer (Domínio Público)

Aleteia Brasil - publicado em 27/03/17

Este padre teve duas chances de escapar: mas preferiu ficar a bordo ouvindo confissões e dando amparo aos passageiros da 3ª classe

Era 15 de abril de 1912. Enquanto o “inafundável” Titanic afundava, o padre Thomas Byles renunciava não só a uma, e sim a duas oportunidades de embarcar num bote salva-vidas. Ele preferiu ficar a bordo, conforme relatos de passageiros, para ouvir confissões e oferecer amparo espiritual a quem não tinha chance de escapar do naufrágio.

Cerca de 1500 pessoas morreram na tragédia do navio que não tinha barcos salva-vidas suficientes para todos os passageiros.

O sacerdote britânico de 42 anos tinha sido ordenado em Roma dez anos antes e viajava para celebrar o casamento de seu irmão em Nova Iorque.

Testemunhos

Os testemunhos de passageiros do Titanic sobre a sua postura sacerdotal a bordo do navio que ia a pique foram reunidos no site www.fatherbyles.com.

Um desses testemunhos é o de Agnes McCoy, passageira da terceira classe e sobrevivente do naufrágio. Ela declarou que o pe. Byles permaneceu a bordo para ouvir confissões, rezar com os passageiros e lhes dar a sua bênção nos minutos finais.

Outra passageira da terceira classe, Helen Mary Mocklare, testemunha:

Fomos arremessados dos nossos lugares… Vimos o padre Byles diante de nós, vindo do corredor com a mão levantada. Nós o conhecíamos porque ele tinha nos visitado algumas vezes a bordo e celebrado a missa para nós justamente naquela manhã. ‘Tenham calma’, pedia ele, e depois continuava na terceira classe dando a absolvição e abençoando… Alguns ficavam em pânico e era então que o sacerdote voltava a levantar a sua mão e todos ficavam calmos de novo. Os passageiros estavam completamente surpresos com o autodomínio absoluto do padre“.

Helen também afirma que um marinheiro “avisou o sacerdote sobre o perigo e suplicou que ele embarcasse num bote“, mas o padre recusou duas vezes. “O pe. Byles podia ter se salvado, mas não ia deixar o barco se ainda restasse um passageiro. E as súplicas do marinheiro não foram ouvidas. Depois que entrei no bote salva-vidas, que era o último a partir, e íamos nos afastando devagarinho do Titanic, eu ainda conseguia ouvir distintamente a voz do sacerdote e as respostas às suas orações“.

Causa de beatificação

Mais de um século depois, o também britânico padre Graham Smith, que hoje cuida da mesma paróquia do pe. Byles e é o responsável pela abertura da sua causa de beatificação, declara que ele foi um “homem extraordinário que deu a vida pelos outros. Estamos esperando e rezando para que ele seja reconhecido como santo“.

Este processo segue várias etapas. Primeiro, é necessário comprovar que o “candidato a santo” viveu as virtudes cristãs em grau heroico. Em seguida, para a beatificação, deve ser demonstrado um milagre atribuído à sua intercessão. Por fim, para a canonização, é necessária a verificação de mais um milagre por seu intermédio.

Esperamos que pessoas do mundo todo rezem pela intercessão dele quando enfrentarem dificuldades, e, se acontecer um milagre, a beatificação e canonização poderão ir em frente“, completa e convida o pe. Smith.

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