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Ninguém me telefona, ninguém vem me visitar

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Sergio Argüello Vences - publicado em 06/04/17

Não sofra com isso; tome você a iniciativa

Certa manhã, fui caminhar pelo bairro enquanto rezava o terço. Eu gosto muito de caminhar pelas ruas e ir pedindo pelas famílias que vivem ali, onde vou passando. Imagino que cada Ave-Maria é uma flor para a Virgem e que vou semeando-as por todos os lados.

E aquela manhã foi muito especial porque encontrei a dona Lucía, que tinha acabado de comprar pão doce, assado no forno à lenha.

– Bom dia, padre! Para onde vai com tanto frio?

– Vim rezar o terço um pouco. Quer me acompanhar?

– Não, padre, deixei o leite no fogo. Quando o senhor acabar, venha tomar um café da manhã comigo!

E assim foi. Quando acabei o terço, voltei para tomar um copo de leite quente com chocolate e um pãozinho delicioso. E, como de praxe, perguntei para dona Lucía e para o esposo dela:

– E vocês, como estão? O que me contam?

– Ah, padre! Estamos chateados porque nossos filhos não se lembram mais de nós, nunca vêm nos visitar e falam pouco com a gente. Toda vez temos que telefonar para eles e pedir que eles venham aqui. Só assim conseguimos vê-los. Há dois meses eles não vêm aqui nem para saber se continuamos vivos.

– E vocês já perguntaram a eles porque nunca telefonam?

– Eles dizem que se esquecem, mas que, mesmo que não nos telefonem, eles nos amam muito. Mas para que queremos amor se eles se esquecem de nos dar? Reze muito por nós, temos uns filhos meio ingratos.

Eu não me surpreendi pelo fato de eles se sentirem assim. Tenho ouvido muitas pessoas que se queixam e se entristecem com a mesma coisa. Sentem que não são importantes para seus pais, filhos, amigos…

Há pouco tempo, uma jovem senhora me disse que decidiu não cumprimentar seu esposo porque era sempre ela que tinha de tomar a iniciativa. Em resumo: ficaram dez dias sem conversar. O mais interessante é que o esposo veio me dizer que sentia que ela estava chateada porque já não falava com ele, mas ele não conseguia perguntar o que tinha feito.

Tudo isso me faz pensar em Nosso Senhor Jesus. Os Evangelhos contam que ele nunca estava quieto, que andava por todos os lados, anunciando a Boa Nova. Imagine se ele tivesse ficado sentado na casa dele, esperando que os outros o procurassem! Não nos havia salvado. Mas não, ele sabia muito bem que seu pai lhe deu um dom e tinha que compartilhá-lo.

Nós sofremos porque não colocamos em prática os dons que Deus nos deu. Dona Lucía sofre porque seus filhos não a visitam por inciativas próprias, mesmo que, quando está com eles, seja muito feliz. Mas não compreende que seus filhos não têm o dom da iniciativa e decide sofrer. A esposa de Carlos é a alegria em vida, mas não sabe que tem o marido mais fiel, porém o mais tímido do bairro.

Se sua esposa, filhos amigos ou conhecidos não telefonam ou vêm visitá-lo, faça isso você. Não sofra. Não tenho a menor dúvida de que o bom Deus deu muitos dons para você. Então, use-os: telefone, aproxime-se, convide…


Padre Sergio
http://www.padresergio.org

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