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“Eu, Irmã Faustina, estive nos abismos do Inferno”

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Reprodução

Padre Paulo Ricardo - publicado em 04/05/17

“Eu, Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos do Inferno para falar às almas e testemunhar que o Inferno existe.”

Um dos argumentos de que mais se servem os inimigos da Igreja para pôr em questão a verdade do inferno diz respeito à misericórdia divina. “Se Deus é misericordioso”, dizem, “não condenará ninguém a fogo nenhum, quanto mais eternamente.”

O primeiro problema por trás dessa forma de pensamento é, sobretudo, a falta de fé. Se Jesus Cristo realmente é Deus, como crê e ensina desde o princípio a Igreja Católica, e se foi Ele próprio quem disse, conforme consignado inúmeras vezes no Evangelho, que existe o “inferno” (cf. Mt 11, 23; 23, 33; Lc 12, 5; 16, 23), o “fogo eterno” (cf. Mt 18, 8; 25, 41), a “geena” (cf. Mt 5, 22ss; 10, 28; Mc 9, 43ss), ou o “castigo eterno” (cf. Mt 25, 46), a única resposta possível do ser humano é crer em suas palavras. O próprio Deus falou; a segunda Pessoa da Santíssima Trindade se pronunciou, Ele que nec falli nec fallere potest, isto é, “não se engana nem nos pode enganar” [1]. Ou aceitamos por isso a verdade do inferno, ou então estamos brincando quando dizemos crer em Deus, em Jesus e na sua Igreja. Quem escolhe da doutrina que o próprio Senhor revelou somente aquilo que lhe agrada, pondo de lado o que lhe desagrada, não é em Deus que crê, mas em si mesmo; não é católico, mas herege.

É claro que a teologia pode explicar a doutrina do inferno e demonstrar, àqueles que já crêem, a razoabilidade desse ensinamento de Nosso Senhor. O Deus cristão, afinal de contas, é também λόγος (“logos”); o que Ele faz não nasce do puro arbítrio, como acreditam os voluntaristas, os fideístas ou os muçulmanos. Ao mesmo tempo, porém, àqueles que estão do lado de fora, nenhuma explicação será suficiente para que creiam. Se essas pessoas, resistindo, não derem seu assentimento de fé à autoridade de Deus revelante, aceitando em sua totalidade o depositum fideique a Igreja custodia e anuncia, todo e qualquer esforço argumentativo será em vão.

Nesse sentido, a visão de Santa Faustina Kowalska, descrita a seguir, serve menos para convencer os descrentes que para confirmar, no coração dos católicos mornos ou vacilantes, a veracidade da doutrina católica de sempre sobre o inferno. Pode-se muito bem, é verdade, duvidar dessa revelação privada que recebeu a Apóstola da Misericórdia, assim como se pode duvidar da visão do inferno de Fátima e de outros tantos fenômenos místicos semelhantes por que passaram os santos da Igreja [2]. O que não pode questionar, ao menos quem foi batizado na fé da Igreja e enche a boca para se dizer “católico”, é que o inferno existe e a condenação eterna é uma possibilidade real e terrível, confirmada pelos Evangelhos, pela Tradição e pelo Magistério — ainda que, na verdade, os teólogos avessos a essas revelações privadas (aprovadas pela Igreja!) sejam, na maioria das vezes, justamente os hereges que rechaçam essa parte, incômoda, da doutrina católica.

Quem tem fé, entretanto, na vida eterna (e talvez até seja devoto da Divina Misericórdia), atente-se bem às palavras dessa santa religiosa, que recebeu de Deus o privilégio de visitar o inferno: “Estou escrevendo isso por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há Inferno, ou que ninguém esteve lá e não sabe como é“; “Eu, Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos do Inferno para falar às almas e testemunhar que o Inferno existe“. O testemunho de Santa Faustina é dirigido a nós, homens céticos e incrédulos do século XXI!

Escutemos o apelo que a Misericórdia Divina nos faz e, temendo a principal pena do inferno, que é “a perda de Deus”, aprendamos a evitar o pecado, que nos faz viver a amargura e a infelicidade ainda nesta vida.

Hoje conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do Inferno. É um lugar de grande castigo, e como é grande a sua extensão. Tipos de tormentos que vi: o primeiro tormento que constitui o Inferno é a perda de Deus; o segundo, o contínuo remorso de consciência; o terceiro, o de que esse destino já não mudará nunca; o quarto tormento, é o fogo, que atravessa a alma, mas não a destrói; é um tormento terrível, é um fogo puramente espiritual aceso pela ira de Deus; o quinto é a contínua escuridão, um horrível cheiro sufocante e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas vêem-se mutuamente e vêem todo o mal dos outros e o seu; o sexto é a continua companhia do demônio; o sétimo tormento, o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias. São tormentos que todos os condenados sofrem juntos, mas não é o fim dos tormentos. Existem tormentos especiais para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de maneira horrível e indescritível. Existem terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo, onde um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus. Que o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda eternidade. Estou escrevendo isso por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há Inferno, ou que ninguém esteve lá e não sabe como é. Eu, Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos do Inferno para falar às almas e testemunhar que o Inferno existe. Sobre isso não posso falar agora, tenho ordem de Deus para deixar isso por escrito. Os demônios tinham grande ódio contra mim, mas, por ordem de Deus, tinham que me obedecer. O que eu escrevi dá apenas a pálida imagem das coisas que vi. Percebi, no entanto, uma coisa: o maior número das almas que lá estão, é justamente daqueles que não acreditavam que o Inferno existisse. Quando voltei a mim, não podia me refazer do terror de ver como as almas sofrem terrivelmente ali e, por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores; incessantemente, peço a misericórdia de Deus para eles. “Ó meu Jesus, prefiro agonizar até o fim do mundo nos maiores suplícios a ter que Vos ofender com o menor pecado que seja.” […] Hoje ouvi as palavras: No Antigo Testamento, Eu enviava Profetas ao Meu povo com ameaças. Hoje estou enviando-te a toda a humanidade com a Minha misericórdia.Não quero castigar a sofrida humanidade, mas desejo curá-la estreitando-a ao Meu misericordioso Coração. Utilizo os castigos, apenas quando eles mesmos Me obrigam a isso, e é com relutância que a Minha mão empunha a espada da justiça. Antes do dia da justiça estou enviando o dia da Misericórdia. Eu respondi: “Ó meu Jesus, falai Vós mesmo às almas, porque as minhas palavras são insignificantes. [3]

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Dei Filius (24 de abril de 1870), III: DS 3008.
  2. A expressão “Pode-se muito bem”, aqui, deve ser lida de acordo com as orientações do Catecismo da Igreja Católica a esse respeito: “No decurso dos séculos tem havido revelações ditas ‘privadas’, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é ‘aperfeiçoar’ ou ‘completar’ a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja.” (§ 67)
  3. Diário de Santa Faustina, n. 741 e 1588.

(via Pe. Paulo Ricardo)

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