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A crítica ao aborto que causou 10 anos de inimizade entre o Vaticano e a Argentina

Nestor Kirchner

Reprodução

Sempre Família - publicado em 09/05/17

A Igreja, mais uma vez, se manteve fiel à sua essência

A crítica de um bispo à política do governo de Nestor Kirchner de promover o aborto e distribuir camisinhas em colégios resultou numa crise de 10 anos entre o governo da Argentina e a Santa Sé. A questão só foi resolvida agora, em março desse ano, sem que houvesse um Kirchner na presidência da Argentina.

No dia 28 de março, o papa Francisco nomeou um novo bispo para o ordinariato militar do país, cargo vago há uma década, desde que o bispo anterior, Antonio Juan Baseotto, foi rejeitado pelo governo de Nestor Kirchner.

Em 2005, o governo de Kirchner deu impulso explícito às tentativas de legalização do aborto e, por meio do ministério da Saúde, passou a distribuir preservativos em escolas públicas, inclusive naquelas em que estudavam crianças. O bispo Baseotto, então, mandou uma carta ao ministro da Saúde, Ginés Gonzáles García, criticando a decisão e citando até mesmo um trecho do Evangelho de Marcos que diz: “Aquele que escandalizar esses pequeninos que creem em mim, seria melhor que fosse lançado no mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço” (Mc 9, 42).

Kirchner ficou tão irritado com a opinião do bispo designado para os militares que impediu que lhe pagassem um salário.

Como retaliação pelo posicionamento, Kirchner decidiu quebrar um acordo estabelecido em 1992 entre a Argentina e a Santa Sé, que dizia que o salário do ordinário militar deveria ser pago pelo governo. O presidente alegou que o bispo havia feito apologia aos “voos da morte”, a técnica de assassinato característica dos anos da ditadura na Argentina, quando dissidentes eram jogados de aviões nas águas do Oceano Atlântico.

A Congregação para a Doutrina da Fé, então liderada pelo cardeal Joseph Ratzinger – que poucos meses depois seria eleito papa –, enviou uma carta de apoio a Baseotto e o Vaticano denunciou a quebra do acordo como um ataque à liberdade religiosa. A constituição argentina garante apoio do governo à fé católica.

O governo argumentou que Baseotto poderia continuar sendo bispo, mas não no exército. A Igreja ignorou a ordem de Kirchner e manteve o ordinário em seu posto por pouco mais de um ano, sem receber o salário do governo, até a sua renúncia ao completar 75 anos, como é de praxe no episcopado católico.

Com a saída de Baseotto, nenhum outro bispo foi nomeado para a função. O padre Pedro Candia ocupou provisoriamente a função de vigário geral, o que acabou perdurando por 10 anos, já que a situação permaneceu sem solução sob a presidência de Cristina Fernández de Kirchner, esposa de Nestor, morto em 2010. Só agora o presidente Mauricio Macri decidiu reverter a situação e voltar a cumprir o acordo com a Santa Sé, 15 meses depois de assumir a presidência.

Os mandatos do casal Kirchner se caracterizaram por tensões com a Igreja Católica. Nestor foi um dos poucos chefes de Estado do mundo a não comparecer ao funeral do papa João Paulo II, poucos meses depois do incidente com Baseotto. Além disso, devido às críticas que lhe fazia o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, deixou de comparecer à missa de ação de graças que o cardeal celebrava todo dia 25 de maio, o feriado nacional argentino. Só com a eleição de Bergoglio como papa, em 2013, Cristina buscou uma reaproximação.

O novo bispo para a função será  Santiago Olivera, até então bispo de Cruz del Eje.

(via Sempre Família)

Tags:
AbortoIgrejaPapa
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