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Crianças devem ter smartphones? Bill Gates acha que não

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Calah Alexander - publicado em 12/05/17

Executivos da área de tecnologia restringem o uso de celulares e eletrônicos por seus filhos porque sabem do perigo a que eles estão expostos

Executivos da área de tecnologia restringem o uso de dispositivos eletrônicos por seus filhos porque eles conhecem os perigos mais do que ninguém

Meus filhos acham que eu sou a pior mãe de todas, porque eles não têm smartphones. Quase todos os dias um deles me pergunta quando eles vão ganhar um telefone. Minha resposta geralmente é esta: “quando vocês tiverem entre 18 e 45 anos de idade”. Previsivelmente, eles lamentam, rangem os dentes e insistem que “todo mundo tem um celular, menos nós”.

Eles não estão errados. A maioria das crianças ganha seu primeiro smartphone com 10 anos de idade. Se você acha que é loucura, você está em boa companhia – Bill Gates disse em uma recente entrevista ao The Mirror que ele não acha que as crianças deveriam ter permissão para ter smartphones antes dos 14 anos.  E Steve Jobs proibiu os iPads da casa dele.

De acordo com o The New York Times, estabelecer limites sobre o uso da tecnologia é norma para as famílias dos gurus da área.

Chris Anderson, ex-editor da Wired e agora diretor executivo da 3D Robotics, um fabricante de drones, instituiu limites de tempo e sistemas de controle dos pais em todos os dispositivos de sua casa. “Meus filhos acusam a mim e à minha esposa de sermos fascistas e muito preocupados com a tecnologia. Eles dizem que nenhum dos seus amigos tem as mesmas regras”, disse Anderson, que tem cinco filhos, com idades entre 6 e 17 anos. “Isso porque nós sabemos dos perigos da tecnologia em primeira mão. Eu vi isso em mim, eu não quero ver isso acontecer com meus filhos”, acrescentou.

Os perigos a que ele se refere incluem exposição a conteúdos nocivos, como pornografia, bullying e, pior ainda, a possibilidade das crianças tornarem-se viciadas em seus aparelhos, como seus pais.

Preocupações sobre crianças e o tempo que elas passam em frente às telas cresceram nos últimos anos. Muitos executivos do Vale do Silício enviam seus filhos para escolas sem muitos recursos tecnológicos, embora a educação tradicional dependa cada vez mais de tecnologia para estudantes mais novos.

O cyber-bullying e pornografia são perigos legítimos, mas parece-me que o vício e a destruição da imaginação são riscos mais perniciosos. Pessoalmente, tenho problemas para largar o meu telefone. Verificar o Facebook é habitual e não há dúvida de que este é um comportamento viciante para mim. Minha mais nova estratégia é guardá-lo em um gabinete com o volume alto, mas com as notificações de aplicativos desativadas, para que eu possa ouvir chamadas e mensagens de texto, mas não e-mail ou notificações das redes sociais.

Se o perigo do dependência dos smartphones é real o suficiente para que os adultos tenham de estabelecer limites para si próprios, já imaginou o quanto mais perigoso é para as crianças, que ainda não dominam os seus limites?

Quando eu deixo meus filhos passarem um tempo em frente ao computador ou ao celular, eles regridem. O comportamento deles se deteriora em relação a mim, aos outros e inclusive a eles mesmos.  Quando eu proíbo o uso dos dispositivos, eles se jogam no chão e se debatem como peixe morrendo.  Logo eles se sentam ao meu redor e reclamam que estão entediados. Por horas. Mas depois eles arrumam algo para fazer, como brincar para fora ou fazer alguma experiência científica na cozinha.

Eu vou admitir que há benefícios proporcionados pela tecnologia – o aplicativo IXL, por exemplo, tem feito maravilhas para a minha filha em matemática. Mas ela só pode acessar o conteúdo na cozinha, pelo meu computador, onde ela é monitorada e seu tempo pode ser limitado. Tempo de tela não pode ser monitorado e regulamentado quando as crianças carregam celulares em seus bolsos. Aí, sim, os perigos são muito maiores do que os benefícios.

Enfim,  meus filhos terão de se juntar aos pobres, à fila dos “sem-smartphone” – juntamente com os filhos dos caras que o inventaram.

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