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Sexo com robôs? Um surreal panorama com questões escabrosas

web woman robot love kiss De Willyam Bradberry:Shutterstock

Willyam Bradberry/Shutterstock

Gelsomino Del Guercio - publicado em 07/07/17

Já há empresas produzindo robôs sexuais destinados a usuários violentos e até mesmo pedófilos. Que resultados isso vai gerar?

O advento dos “robôs do sexo” já começou e, dentro de poucos anos, poderá tornar-se uma verdadeira invasão. Mas o mundo não está preparado para lidar com uma novidade dessa magnitude.

Este é o alerta lançado pela Foundation for Responsible Robotics, ou Fundação para a Robótica Responsável (FRR), uma entidade internacional que analisa questões éticas e morais relacionadas com a presença cada vez mais comum de máquinas inteligentes entre os seres humanos.

De fato, existem pelo menos quatro empresas que já produzem robôs bastante semelhantes a homens e mulheres, incluindo anatomia sexual e pele de silicone. Algumas dessas empresas pretendem lançar modelos capazes de falar e se mover. Uma eventual adoção em massa desses robôs, dizem elas, poderia baixar os seus custos, atualmente entre 5.000 e 15.000 dólares por “indivíduo”.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Tal revolução tecnológica traria “vantagens e desvantagens”, segundo um relatório da FRR publicado pelo Daily Telegraph de Londres em 5 de julho deste ano.

Nesse estudo, cujo título autoexplicativo é “Nosso futuro sexual com os robôs”, o professor Noel Sharkey, de Inteligência Artificial e Robótica na Universidade de Sheffield, tenta abordar, junto com alguns colegas, questões que são hoje consideradas “escabrosas”, para dizer o mínimo.

Segundo as previsões da FRR, esses instrumentos do prazer mecânico não serão mais considerados mero fetichismo dentro de dez anos, passando a ser aceitos em grande escala.

Seus possíveis “objetivos” incluiriam:

1) proporcionar “companhia” e terapia sexual a idosos, solitários e pessoas com deficiências;

2) permitir a casais geograficamente afastados manterem relações sexuais mediante o uso de robôs que “representassem fisicamente” o parceiro distante;

3) ouvir o robô falar com a voz do parceiro, para tornar a experiência mais “realista”;

4) oferta de prostituição em bordéis;

5) ajudar na reabilitação sexual de vítimas de abusos e traumas;

6) servir como terapia para pessoas com impulsos socialmente inaceitáveis, tais ​​como fantasias de violência sexual contra adultos e até crianças.

Isso mesmo: uma “válvula de escape” para pessoas com perturbações psicológicas “extravasarem”. Algumas empresas do setor já estão criando robôs sexuais com “personalidade tímida” ou “relutante”, a fim de que os seus proprietários possam forçá-los sexualmente. Um exemplo é a robô “Roxxxy Gold”, fabricada pela TrueCompanion, que pode ser transformada na personagem “Frigid Farah”. Outro caso, assustador para muita gente (ainda), é o da empresa japonesa Trottla, que começou a produzir uma boneca-robô de tamanho natural uniformizada como colegial: ela é destinada especificamente ao público pedófilo. O próprio fundador da Trottla, Shin Tagaki, assumiu que se sente atraído por menores, mas declarou nunca ter abusado de meninas precisamente porque, no lugar delas, usa bonecas-robôs (!)

“NÃO É UM ANTÍDOTO”

Alguns “observadores” acreditam que a oferta de tais produtos ajudaria a impedir estupros e abusos contra mulheres e menores, mas o relatório da FRR adverte para o exato contrário: essa popularização do sexo artificial, incluindo as suas facetas mais perversas, poderia aumentar ainda mais a incidência de abusos e de violência sexual contra pessoas de carne e osso.

Enfrentar a pedofilia usando robôs do sexo é uma ideia questionável e revoltante”, comenta Patrick Lin, professor de Ética e Robótica na California Polytechnic. “Imaginemos o que aconteceria se o racismo fosse ‘tratado’ mediante a oferta de robôs negros para serem maltratados e agredidos por pessoas brancas. Seria um antídoto contra o racismo? Provavelmente não”.

RISCOS ÉTICOS

Os robôs do sexo são um caso de estudo interessante para uma das principais questões da robótica”, diz a dra. Aimée van Wynsberghe, professora de Ética e Tecnologia na Universidade de Delft e uma das diretoras da FRR. “Que tipo de impacto será provocado sobre o usuário humano por esses companheiros robóticos? Essa ideia da perda de parâmetros morais nos levará a um desinteresse pela interação com outros humanos porque vai ser mais cômodo falar e receber gratificação sexual de um robô?”.

Tags:
Inteligencia emocionalSexualidadetecnologia
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