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A geração do empobrecimento cognitivo

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Sempre Família - publicado em 03/08/17
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Família e escola atentas ao vício do século: internetAo viver o dia a dia de uma escola, é normal se questionar se não estamos tornando as crianças menos capazes no que se refere às suas capacidades cognitivas e motoras. Para chegar a uma conclusão sobre isso, é preciso avaliar se nós, adultos, também não estamos em um processo contínuo de empobrecimento cognitivo.

Para exemplificar isso, basta pensar que atualmente usamos o aparelho celular para praticamente tudo, inclusive para armazenar os números de telefone e contatos que possuímos. Existem pessoas que não lembram nem sequer o telefone da própria casa! Esse uso excessivo dos smartphones tem, inclusive, aumentado o número de casos de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) nos dedos das mãos.

Ao se deparar com um cálculo matemático, mesmo aqueles com apenas dois dígitos, recorremos a calculadora. Nem ao menos nos esforçamos para usar a massa cinzenta! Se nós adultos não nos damos conta do quanto é valioso estimular e ativar constantemente esses sinais nervosos no cérebro, imagine as crianças, que já nasceram na era digital.

Quer outro exemplo? Hoje em dia muita gente compra as refeições prontas, ou semi-prontas, e tem o delivery como maior aliado. Elas deixam de usar a capacidade cerebral e as próprias mãos para se submeter ao que o mercado oferece. Ao perguntar na sala de aula quais alunos cozinham com a mamãe em casa, raros são os braços erguidos em sinal de confirmação. O que nos leva a crer que estamos contribuindo para o fortalecimento de outra cultura: da facilidade, do não pensar e não fazer.

O que está ocorrendo com as crianças, no entanto, é ainda mais grave. Esse abuso do uso da tecnologia, desde a tenra idade, faz com que consigamos perceber na escola um esvaziamento no vocabulário. E sabe por que isso acontece? Porque ao sair para um passeio com os pais ou a TV no carro já está ligada em desenho ou o celular possui algum aplicativo que fará a criança se entreter e não incomodar os adultos.

Nesse não incomodar está incluso a criança não atrapalhar o jantar, por exemplo, não traduzir seus pensamentos interiorizados ou dividir os acontecimentos do seu dia, seus anseios e conflitos.

Estamos tornando nossa futura geração em meros receptores. Em seres humanos sem criatividade, sem capacidade de interpretação e, pior ainda, sem discernimento do que é real e do que é fantasia.

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Por Esther Cristina Pereira, via Sempre Família