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Reparação ao Imaculado Coração de Maria: por que e como fazer

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Totus Mariae - publicado em 04/08/17
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Uma prática para tornar seus sábados especiais – especialmente o primeiro sábado de cada mês 😉A prática de fazer reparações ao Imaculado Coração de Maria, particularmente nos primeiros sábados de cada mês, foi bastante esquecida. Devido à sua importância, trazemos informações e respondemos a algumas questões que podem ajudar a sanar dúvidas e incentivar a que mais pessoas retomem esta devoção.

Origem e significado da devoção

A devoção ao Imaculado Coração de Maria tem raízes nas próprias Escrituras. No Evangelho de São Lucas temos duas menções ao Coração de Maria – Lc 2,19 e Lc 2,51 -, que conservava e meditava os acontecimentos relacionados a Seu Filho. São Lucas também nos traz ao conhecimento a espada que transpassaria esse Coração – Lc 2,35. Assim vemos diversas representações artísticas do Coração de Maria, cercado de lírios e transpassado por uma espada.

Um texto do Missal diz:

O Coração Imaculado de Maria é a expressão de todos os seus sentimentos, afetos, e, sobretudo, de sua ardentíssima caridade para com Deus, para com seu Filho e para com todos os homens, que lhe foram confiados solenemente por Jesus agonizante.

Assim, quando dizemos “Coração de Maria”, estamos nos referindo a toda a pessoa de Maria, toda a realidade dela, o mistério de graça realizado nela por Deus, ao mesmo tempo que sua total entrega a Ele e a toda a humanidade.

Um devoto do Coração de Maria é aquele que se dedica, com amor e carinho, a contemplar as perfeições da Virgem Imaculada (por exemplo, na leitura do Evangelho de São Lucas, ou na contemplação dos mistérios do Rosário) e procurar imitar suas virtudes: acolhendo e encarnando a Palavra de Deus em sua vida, meditando sobre os acontecimentos diários para ver neles a vontade de Deus, colocando-se a serviço para o bem de todos e seguindo o que Nossa Senhora mesma pede a cada um de nós: “Fazei tudo o que Ele (Jesus) vos disser” (Jo 2,5).

Por que fazer reparação? (e o que é isso?)

Padre Roque Schneider explicava de maneira bem simples e prática o que é reparação:

Quem ama pede desculpas, perdão, ao ofender ou decepcionar um ente querido, a pessoa amada. O gesto de desagravo à Divina majestade, ofendida pelos pecados dos homens, perpassa o Antigo e o Novo Testamento. Reparar espiritualmente, afirmam os teólogos, é um dever de justiça para com Deus. E sinal de nobreza de coração de nossa parte.

Reparar é, portanto, pedir perdão e procurar “compensar” uma ofensa cometida contra alguém.

Deus é frequentemente ofendido por nossos pecados, e é simples compreender a necessidade de fazermos reparação a Deus. Mas e quanto a fazer reparação a Nossa Senhora?

Hoje em dia, infelizmente sabemos de muitos casos de ofensas à Mãe de Deus, que fazem estremecer nosso coração filial e acendem nosso anseio por defendê-La de tantos ultrajes.

Além disso, o Coração de Maria está tão unido ao de Jesus, que o que ofende o Coração de Nosso Senhor é também uma ferida no Seu Coração Imaculado.

De tudo isso podemos ver quanta reparação precisamos fazer ao Coração de Nossa Senhora!

Como pode ser ferido um Coração que está em um corpo glorioso, no Céu?

Na verdade não pode absolutamente ser ferido fisicamente, nem de qualquer outra forma. Esses termos – coração ferido, cercado de espinhos, doloroso, transpassado por uma lança – ilustram uma situação espiritual que nos incentiva a realizar atos de reparação.

No verso da chamada Medalha Milagrosa, os Corações de Jesus e de Maria

De maneira análoga a quando dizemos que nosso coração dói com uma ingratidão – e raramente será também uma dor física, mas psíquica – vemos as imagens do Coração de Maria cercado de espinhos, cravados nele pela ingratidão da humanidade com tão boa Mãe.

Os espinhos são figura da ingratidão que precisa ser reparada: são ofensas que a humanidade dirige à Mãe de Deus e que exigem reparação; são atos que clamam a justiça divina sobre nós: pecados de rejeição à intercessão da Virgem Maria, de negação de Sua virgindade, zombaria de Sua pureza, entre outros (no próximo item estão listados especificamente cinco pecados).

Como reparar o Coração Imaculado de Maria?

Consagrar o sábado a Nossa Senhora é um antigo costume da Igreja, em memória da Soledade de Maria – isto é, da solidão, o tempo em que Ela ficou sem Jesus, entre Sua Morte e Ressurreição. Quando Irmã Lúcia de Fátima estava num convento em Pontevedra, Nossa Senhora lhe apareceu pedindo a prática da reparação ao Seu Coração Imaculado em cinco primeiros sábados. A essa prática está associada a chamada “Grande Promessa” de Nossa Senhora (grifada na citação abaixo):

“Olha, minha filha, o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado,
– se confessarem,
– recebendo a Sagrada Comunhão,
– rezarem um Terço e
– Me fizerem quinze minutos de companhia meditando nos quinze mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar,
Eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.”

Irmã Lúcia no Carmelo

A confissão não tem necessariamente de ser no primeiro sábado, mas pode ser 8 dias antes ou depois, ou muitos mais ainda, contando que a Comunhão seja feita na Graça de Deus e com desejo de reparação.

Irmã Lúcia foi questionada sobre o motivo de serem cinco sábados; em revelação posterior, Nosso Senhor disse a ela:

“São 5 as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:
– as blasfêmias contra a Sua Imaculada Conceição
– as blasfêmias contra a Sua Virgindade
– as blasfêmias contra a Maternidade Divina, recusando ao mesmo tempo recebê-lA como Mãe dos homens
– as blasfêmias dos que procuram infundir nos corações das crianças a indiferença, o desprezo e até o ódio contra esta Imaculada Mãe
– as blasfêmias dos que A ultrajam diretamente nas Suas Imagens.”

São as ofensas que nos dispomos a reparar!

Cinco ou nove primeiros sábados? Objeções humanas e a pedagogia divina

Há uma devoção originada na Hungria em que se faz a comunhão reparadora em nove primeiros sábados – é a chamada Dupla Novena, uma prática de reparação conjunta ao Coração de Jesus e de Maria, em nove primeiras sextas-feiras e sábados.

É bastante comum encontrar ressalvas e questionamentos, quando não depreciações, quanto a alguns detalhes relacionados a essas devoções, em especial quanto aos detalhes numéricos: por que no primeiro sábado, esquecendo os outros? e se eu fizer só quatro sábados e morrer, não valerá a promessa para mim? e se eu perder as contas e fizer um sábado a mais? Afinal de contas, para Deus não há tempo, por que Ele contaria o número de sábados?

A primeira coisa que Deus espera de nós – podemos dizer sem errar – é que se façam reparações. As práticas aprovadas pela Igreja são opções de como podemos fazer isso, e podemos escolher qual delas fazer. Se podemos fazer mais, ótimo! Mas que se faça pelo menos este mínimo que nos é pedido, por meios de revelações que a Igreja acolhe como dignas de fé.

Fazendo esse mínimo, começamos a compreender a pedagogia divina por trás: o esforço que nos é necessário para perseverar mês a mês na confissão; a atenção em marcar no calendário o primeiro sábado (que às vezes vem antes da primeira sexta!); o planejamento e preparação da confissão; a organização do dia para ir à missa no sábado, quando não se tem esse costume. São detalhes que nos exigem atenção e perseverança!

E quando se consegue perseverar, pode-se perceber alguns detalhes: durante esse tempo, fizemos a confissão mensal que, bem preparada, nos traz muitos bons frutos! E deixamos de sair correndo quando termina a missa, porque fazemos os minutos de meditação. Fizemos o esforço de rezar um terço, quando já havíamos perdido o costume. Praticamos, perseveramos e podemos continuar praticando, porque encontramos um grande bem para nossa vida! Enfim, são muitas graças que recebemos por nos mover a consolar a Mãe de Deus!

Este será um passo importante para fazer crescer nosso afeto pela Imaculada, e Ela certamente nos animará a progredir na vida de cristãos!

Bibliografia:

– Dicionário de Mariologia, Ed. Paulus
– Fátima, pelos padres capuchinhos do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em São Paulo
– Variações do “Meu Cantinho”, Pe. Roque Schneider, Ed. Vozes

 

(via Totus Mariae)

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