Um dia, um dos meus filhos, de seis anos, na época com cinco, me disse que queria morrer. Sim, morrer. Foi um choque muito grande para mim ouvir aquela frase…
– “Mamãe, eu quero morrer.”
A minha reação foi querer saber o motivo que levaria uma criança de cinco anos aparentemente feliz e tranquila a desejar… morrer. Ele não quis compartilhar os motivos, o que se passava naquela cabecinha, e aquele dia para mim foi um dos mais longos da minha vida, custou a passar.
Dias depois, tomando banho, ele me disse:
– “Mamãe, você me leva para um deserto?”
– “Deserto? Por que você quer ir a um deserto?”
– “Lá tem cobras, uma delas pode me picar e então eu vou morrer, eu quero morrer, mamãe, eu já te falei isso.”
– “Se você me contar por que você quer morrer e eu concordar com sua justificativa, eu te levarei a um deserto.”
Obviamente, nenhum motivo no mundo justificaria tamanha loucura, mas naquele momento era o meu trunfo, a minha forma de entender o que se passava na cabeça daquela criança.
– “Jura mamãe, você sabe o caminho para chegar no deserto?”
– “Não sei, mas a mamãe coloca no GPS e com certeza nós chegaremos lá.”
– “Promete, mamãe?”
– “Lembre-se, eu tenho que concordar”
Então veio a resposta que eu jamais imaginaria…
– “Quero morrer para ver Deus.”
Meus olhos se encheram de água. Respirei fundo e pedi a presença do Espírito Santo para que ele pudesse me ajudar naquele momento. Em segundos, me senti calma e então respondi:
– “Filho, nós não precisamos morrer para encontrar Deus.”
– “Mas mamãe, como chegaremos no Céu sem morrer? Ele não fica lá no Céu?”
– “Filho, nós podemos sentir e até mesmo ver Deus daqui. Vamos terminar esse banho e eu quero te mostrar uma coisa.”
Fomos até o jardim e chegamos perto de uma roseira, havia um lindo botão e eu falei:
– “Olha esse botãozinho de flor, ele se abrirá e se transformará em uma linda e enorme rosa. Como você acha que isso acontece? Olhe o pé de pitanga, cheio de frutinhas! Deus faz com que tudo isso aconteça; então, ao olharmos toda essa beleza no jardim, estamos vendo a ação de Deus. Vem aqui que eu quero te mostrar outra coisa.”
Abri meu computador e peguei uma imagem que eu gosto muito. Particularmente eu adoro meditar sobre imagens, algumas me fisgam, transmitem de uma maneira infinita. Mostrei essa imagem:
– “Mamãe, você está vendo Deus aí? Deus não é leão e também não é uma menininha.”
– “Vitor, tudo o que nos acalma vem de Deus. Às vezes você fica com medo de alguma coisa, não fica? Você chora e a mamãe te acalma, não é? Então, nesse momento, quando eu consigo te acalmar, é Deus que está ali, Deus está presente, eu jamais conseguiria te acalmar sem a presença de Deus. Aqui nessa foto você seria o leão e a menininha é Deus através da mamãe e Ele também te usa, sabia?
– “Jura mamãe, como?”
– “Sabe quando a mamãe chega super cansada de uma viagem?”
– “Sei mamãe, eu tiro o seu sapato, você coloca os pés para cima, eu faço uma massagem.”
– “Eu fico calminha, não fico?”
– “Fica mamãe, você até diz que o cansaço vai embora.”
– “Então! Dessa vez eu fui o leão e você a menininha, e você só consegue me acalmar com a presença de Deus! Filho, tudo o que nos traz bons sentimentos vem de Deus. Todas as nossas boas ações são nossas reações a Deus, tudo, tudinho o que é bom brota de Deus! Quando vem uma vontade na gente de fazer o bem, não somos nós sozinhos, mas sim nós na presença de Deus.”
– “Entende que, se você quer ver Deus, você não precisa morrer? Basta prestar atenção em você e ao seu redor. Cada coisa boa da sua vida, cada contentamento, cada momento que você se sente feliz e vivo, lembre-se que você está mais do que vendo Deus, você está vendo e sentido a presença do Papai do Céu.”
E terminei:
– “Se fizer isso, perceber em você esses momentos, se você fizer isso durante sua vida aqui na Terra, conquistaremos super poderes e começaremos daqui a viver a eternidade.”
– “Eternidade mamãe, viver para sempre?”
– “Sim filho, eternidade, mas vamos deixar esse assunto para outro banho.”
(Enviado pela leitora Aline Maldonado Locks)