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Mártir cristão: paquistanês se recusa a renegar a fé e é condenado à morte

Atentados a iglesias cristianas en Lahore, Pakistán – fr

© COPE.es

Aleteia Brasil - publicado em 23/08/17

Mais um escandaloso caso de perseguição aberta contra os cristãos no país das famigeradas "leis anti-blasfêmia"

Mais um mártir cristão no Paquistão. Desta vez é Indaryas Ghulam, homem de 38 anos que foi morto por enforcamento no último 13 de agosto em Lahore.

Privado da liberdade junto com outros 41 cristãos, ele tinha sido acusado, sem provas conclusivas, de linchar dois muçulmanos depois da sequência de ataques contra igrejas católicas de Youhanabad em março de 2015, quando 19 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas.

Segundo a Associação Cristã Britânico-Paquistanesa (BPCA, pela sigla em inglês), a esposa e a filha de Indaryas teriam visto sinais óbvios de tortura no cadáver de Indaryas, particularmente cortes e queimaduras. Além disso, elas relatam que, no presídio, Indaryas nunca recebeu qualquer tratamento para a tuberculose que tinha contraído três meses antes de ser preso.

Proposta de apostasia

O caso de condenação sem provas se torna ainda mais chocante quando se sabe que a morte deste cristão poderia ter sido evitada caso ele tivesse cedido a uma chantagem estarrecedora: assim como os outros prisioneiros, Indaryas Ghulam ouviu do procurador Syed Anees Shah a proposta de converter-se ao islamismo e, “em troca”, ser libertado.

Indaryas Ghulam se recusou a renunciar à fé cristã, preferindo a morte. 

O caso chegou a ser denunciado pela mídia paquistanesa e admitido pelo próprio procurador, o que levou os cristãos do país a saírem às ruas em protesto. De pouco adiantou.

Indaryas deixa três filhas de 12, 10 e 6 anos. A viúva, Shabana, tem 36 anos de idade.

A BPCA recorda que Indaryas Ghulam não foi o primeiro cristão executado no presídio. Antes dele, já foram mortos Robert Danish (2009), Qamar David (2011), Zubair Rashid (2015) e Liaquat Mashi (2016).

As famigeradas leis anti-blasfêmia

O Paquistão adota severas leis “anti-blasfêmia”, que preveem punições rigorosas a qualquer pessoa que insulte Alá, o islã, o alcorão, Maomé e outras personalidades religiosas. As sentenças podem incluir de chibatadas até a pena de morte.

Organizações de defesa de direitos humanos denunciam há anos que esta lei costuma ser amplamente manipulada para atender a interesses pessoais, o que inclui vinganças de todo tipo, inclusive contra outros muçulmanos. É frequente que a minoria cristã no país seja alvo de acusações de blasfêmia, contra as quais é quase impossível defender-se. Os abusos são facilitados porque até testemunhos sem provas são aceitos pelos tribunais.

O caso de maior repercussão mundial envolvendo as leis paquistanesas anti-blasfêmia é o de Asia Bibi, mãe cristã acusada de insultar o profeta Maomé em 2010. Ela está no corredor da morte e aguarda, presa, o julgamento de um recurso.

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