As igrejas têm algo a esconder?
A etimologia da palavra cripta designa um lugar escondido. Portanto, a cripta de uma igreja é uma parte geralmente invisível e situada em seu subsolo. Devido a essa situação particular e a seu acesso discreto e secreto, durante muito tempo as criptas foram utilizadas para guardar e proteger relíquias e restos de santos e mártires da cobiça de profanadores e saqueadores.
Embora as criptas das igrejas e de outros edifícios religiosos tenham servido como tumbas, esta não é a sua única função. Frequentemente, as tumbas ficam nas capelas laterais, não muito distantes da nave principal das igrejas, à vista de todos.
Algumas criptas estão preparadas para permitir a celebração de ofícios litúrgicos. Por exemplo, depois da destruição de sua igreja, em 1780, os Cavaleiros da Ordem do Santo Sepulcro foram acolhidos na cripta da igreja de Saint-Leu, em Paris, e lá mantiveram as atividades do capítulo.
Em alguns casos, a cripta é mais antiga que a própria igreja em que está inserida. É o caso da cripta de São Remo, em Lyon, que data da época carolíngia, enquanto a igreja atual foi construída no século XIX.
Atualmente, em algumas paróquias, cujas criptas não são de especial interesse histórico e arquitetônico, o que interessa é o aspecto prático: no inverno europeu, o local permite a celebração de cerimônias em condições mais cômodas, já que é muito difícil aquecer uma igreja. É também o lugar ideal para conservar parte do material litúrgico e, às vezes, um lugar acolhedor da vida pastoral.