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Gaudí, o Dante da arquitetura

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Miriam Diez Bosch - publicado em 13/09/17

Visitamos a Basílica da Sagrada Família em Barcelona após os ataques terroristas nesta metrópole espanhola

A Basílica da Sagrada Família de Barcelona, ​​Espanha, que ainda está em construção, estava também na lista de alvos dos terroristas que realizaram dois ataques em outros lugares da capital catalunha na quinta-feira, 18 de agosto de 2017.

Pe. Lluís Bonet, da paróquia da Sagrada Família e vice-postulador da causa da beatificação de Antoni Gaudí, arquiteto da igreja, abriu-nos as portas da igreja uma semana após os ataques. Pe. Bonet nos levou a uma visita ao túmulo de Gaudí na cripta, e ele nos mostrou documentos, periódicos do tempo do arquiteto e pastas contendo documentação que apoia o processo de beatificação. A causa está em Roma agora, esperando que Antoni Gaudí i Cornet (1852-1926) seja declarado venerável.

Gaudí, arquiteto apaixonado, deixou um conjunto de obras que reflete seu conhecimento da natureza, sua piedade e seu amor pela liturgia, por sua terra natal, sua língua, cultura e família. O seu trabalho mais famoso é justamente Sagrada Família de Barcelona.

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© S-F / Shutterstock

Gaudí não gostava de escrever

O artista visionário deixou tudo dito em pedras. João Paulo II, em outono de 1982, visitou a Sagrada Família e disse: “Esta Igreja da Sagrada Família ainda é um trabalho incompleto, mas é sólida desde o início: comemora e resume outra construção, uma construção feita com pedras vivas: a família cristã, onde a fé e o amor nascem e são constantemente cultivados”. O Papa Bento XVI consagrou a igreja em novembro de 2010.

Hoje, este é um dos edifícios mais emblemáticos de Barcelona, ​​e atrai pessoas de todos os continentes. “Muitos japoneses”, Pe. Bonet comenta, e então ele corrige minha suposição: “mas não só eles, as pessoas vêm de todo o mundo”. As fichas e as informações são traduzidas para dezenas de idiomas, do esloveno ao coreano.

“Você tem medo, sabendo que os terroristas queriam atacar a Sagrada Família?”, pergunto ao sacerdote. Espero enquanto ele, com a chave na mão, abre a porta da cripta de Nossa Senhora do Monte Carmelo e me leva ao túmulo de Antoni Gaudí. Ele se vira, olha para uma capela lateral onde um crucifixo precioso está em exibição, e me responde enquanto olha para Cristo: “Medo? Mataram a ele (Jesus). Não há mais nada a dizer”.

Bonet vive há 24 anos no que era a casinha de Gaudí, do lado de fora e à esquerda da Fachada da Glória da Basílica. Este padre é filho de Lluís Bonet i Garí, arquiteto discípulo de Gaudí e que continuou a construção da Sagrada Família após a morte de Gaudí.

Bonet traz em sua mente muitas anedotas e memórias. Pergunto-lhe se ele acredita que Gaudí será canonizado até 2026, o centenário de sua morte. Ele olha para mim com um olhar firme e responde: “Nós veremos”. Isso não o preocupa. Ele estudou e escreveu sobre as virtudes deste arquiteto cristão da Catalunha e está convencido de que ele será elevado aos altares.

Antes de pausar para rezar no túmulo, Pe. Bonet me entrega boletins contendo correspondência, testemunhos e escritos sobre Gaudí. “As pessoas nos falam sobre as graças que receberam, elas pedem favores [pedem por sua intercessão]; elas nos comunicam continuamente”, ele me diz. Além do fervor dos crentes, Gaudí também atrai turistas, que veem em Gaudí, como fez o bispo Ragonesi em 1915, o “Dante da Arquitetura” e que consideram a Sagrada Família como “o maior poema cristão escrito em pedra”.

Gaudí e os amendoins

Entre os testemunhos incluídos nos boletins sobre Gaudí, um é particularmente curioso: “Lembro-me de Gaudí vestindo um velho casaco comprido e, às vezes, ele colocava as mãos nos bolsos e tirava amendoins”. A história é contada por Xita Sugranyes – talvez a única pessoa viva que se lembra do dia em que Gaudí morreu – em uma das entrevistas contidas na 27ª edição do “Arquiteto de Deus”, o boletim publicado pela Associação para a Beatificação de Antoni Gaudí.

Aqui está a oração de devoção particular a Gaudí:

Santíssima Trindade, que infundiste em teu servo Antoni Gaudí, arquiteto, um grande amor à tua Criação e um ardente afã de imitar os mistérios da infância e paisão de Teu filho, faça que eu saiba também entregar-me a um trabalho bem-feito e digna-Te a glorificar Teu servo Antoni, concedendo-me, por Tua intercessão, o favor que Te peço (aqui o pedido). Amém. Jesus, Maria e José, dai-nos a paz e protegei a família (três vezes).

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