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200 jovens britânicas de 9 a 15 anos fazem cirurgia para ter a vagina da Barbie (!)

Barbie and Belle 4

Bob CC

Silvia Lucchetti - Aleteia Brasil - publicado em 14/09/17

Surpreendente e chocante: de quantos modos a pornografia afeta as meninas hoje

Quando eu era menina, sonhava com uma grande cozinha como a da minha mãe. Quando ela me comprou uma mini-cozinha de brinquedo, comecei a chorar porque era falsa, de plástico e pequena. Eu queria a versão em tamanho real. Então meu avô me comprou panelas – não de plástico: reais! Com tampas! Eu estava em êxtase: alguém tinha finalmente me entendido!

Quanta gente poderia contar histórias parecidas com a minha! A menina que quer um castelo, a outra que quer um aspirador de pó, a outra um cavalo, a outra asas de fada…

Mas nunca imaginei que alguma menina quisesse ter uma vagina diferente.

Quando li recentemente um artigo na revista Vanity Fair chamado “Quero uma vagina como a da Barbie”, fiquei de boca aberta. O subtítulo dizia assim: “Na Inglaterra, 200 meninas, todas menores de idade e em alguns casos com apenas 9 anos, passaram por cirurgia para mudar a própria vagina”.

É isso mesmo, você leu certo: 200 meninas.

Entre 2015 e 2016, segundo a Vanity Fair, pelo menos 200 jovens, mais da metade delas com menos de 15 anos, solicitaram cirurgia da vagina no sistema britânico de saúde. Na Inglaterra, o sistema nacional de saúde realiza essas cirurgias apenas por razões médicas, não estéticas.

As meninas sabem que vão conseguir a operação se disserem que a sua condição tem consequências na prática de esportes ou em relação ao sexo. Elas sabem que é uma forma de pressionar”, afirma o artigo.

O programa de entrevistas de Victoria Derbyshire, da BBC, convidou a Dra. Naomi Crouch, diretora da Society for Pediatrics and Gynecology, para discutir o assunto. Ela manifestou profunda preocupação:

“As meninas soltam comentários como ‘eu odeio isto, eu quero tirar isto’, e que uma menina se sinta assim a respeito de qualquer parte do seu corpo, especialmente uma parte íntima, é muito perturbador”.

Especialistas consideram que essa insatisfação com a própria imagem corporal deriva da exposição a material pornográfico, hoje abundante, gratuito e à disposição de qualquer um que tenha acesso à internet.

Talvez não entendamos ainda como a pornografia é violenta e mortal, especialmente quando imposta às crianças. Os pais precisam estar sempre atentos e bloquear esses conteúdos em tablets, computadores e televisões, além de exigir que os professores também fiquem atentos ao que as crianças veem.

Muitas vezes, a primeira experiência da criança com a pornografia é com um amigo ou colega da escola. E costuma ser traumático. A sexóloga belga Thérèse Hargot explica no livro “Uma juventude sexualmente liberada – ou quase” que o primeiro encontro infantil com a pornografia é uma experiência “imposta por outro, voluntária ou involuntariamente. Nesses casos, as imagens são impostas a um espírito que ainda não formulou o desejo. É uma espécie de violação, uma violação da imaginação”.

A Dra. Paquita de Zulueta, ginecologista com mais de 30 anos de experiência, também comentó a tendência em entrevista à BBC:

Vejo meninas de 11, 12, 13 anos pensando que existe alguma coisa errada com a sua vagina: a forma errada, o tamanho errado… E elas realmente demonstram desagrado. Elas acham que os lábios internos devem ser invisíveis, quase como na Barbie”.

Uma vagina invisível como a da Barbie! O mundo terminou de ficar louco.

Essas imagens distorcidas causam tamanha confusão em nossas meninas que podem levá-las a rejeitar a própria feminilidade.

E não é mais absurdo ainda que os pais se rendam a esses desejos das filhas em vez de ajudá-las a lidar com os reais problemas subjacentes? Não é inconcebível que eles permitam uma cirurgia desse tipo, com todos os riscos envolvidos?

Alguma coisa na Inglaterra está muito errada quando os pais do bebê Charlie Gard são proibidos de levá-lo aos Estados Unidos para tentar salvar a sua vida enquanto os pais de meninas de 9 anos de idade podem levá-las ao sistema de saúde pública do país para fazerem uma cirurgia estética na vagina sem que haja qualquer problema anatômico a ser tratado.

Vale perguntar, além disso, que tipo de sociedade produz pornografia e para quê. Tem alguém lucrando milhões com ela – e talvez bilhões com a confusão mental que ela provoca.

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