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Terremoto no México: castigo de Deus contra os católicos?

EARTHQUAKE

Hazael R-(CC BY-NC-SA 2.0)

SIAME - Aleteia Brasil - publicado em 20/09/17

Bispo responde a um pastor protestante que incentivou os católicos a mudarem de religião depois que o terremoto causou estragos em várias igrejas

Depois do terremoto de 7 de setembro, que castigou fortemente uma parte importante do México, causando prejuízos nos estados de Chiapas e Oaxaca, começaram a circular nas redes sociais vários vídeos e mensagens de pregadores que asseguram a proximidade do fim do mundo e se referem a um suposto “aborrecimento” de Deus contra a Igreja Católica. Diante dos comentários, o bispo de San Cristobal de las Casas, monsenhor Felipe Arizmendi, viu-se na necessidade de se posicionar sobre a situação.

Ignorância

O bispo lembrou os prejuízos causados pelo terremoto de 8.2 graus na escala Richter, que provocou a morte de mais de cem pessoas, deixou milhares de casas, escolas e centros de saúde destruídos e derrubou ou danificou templos religiosos dos séculos XVI e XVII. O monsenhor ainda explicou que os prejuízos às igrejas foram usados como pretexto por um pastor protestante de Chiapas – considerado o estado menos católico do país – para difundir a ideia de que o terremoto é uma prova de que Deus não quer a Igreja Católica, e que, por isso, a população católica deveria mudar de religião.

Arizmendi referiu-se a este fato como uma grande “ignorância”, pois, segundo ele, “templos protestantes também foram derrubados e morreram vários evangélicos”, principalmente na Costa de Chiapas, onde mais se sentiu o efeito devastador do terremoto.

O bispo, que convocou as autoridades a restaurar os templos, pois são propriedades da federação, deixou claro que não foi um tremor seletivo de Deus contra os católicos. “Todos somos pecadores e quem diz que não é comete dois pecados graves: a mentira e o orgulho”.

Ele assegurou também que o terremoto não é uma prova do fim do mundo, como os outros pregadores afirmam. “Os cientistas explicam este terremoto como um movimento brusco da placa tectônica chamada de Cocos nas praias de Chiapas, que é parte de uma falha que vem desde a Califórnia. É algo natural, não um castigo de Deus”, afirmou.

Onde está a Igreja?

O bispo disse que, devido ao noticiário da televisão mostrar apenas o que o governo está fazendo, algumas pessoas se perguntam: onde está a Igreja? A esse respeito, ele esclareceu: “Passamos por inundações e outros fenômenos e é a nossa gente da Igreja a primeira a ajudar, pois estamos no meio do povo e chegamos aonde não chega o governo nem a televisão. Sou testemunha da ajuda mútua, fraterna e imediata de vizinhos, das famílias, dos catequistas, dos paroquianos, da fundação Caritas e dos agentes de pastorais, embora tudo isso não passe na televisão. Que sua mão esquerda não saiba…”

Arizmendi ainda afirmou que “o terremoto não é castigo de Deus, mas uma advertência: não somos deuses, somos fracos e em qualquer momento podemos morrer. As coisas pelas quais lutamos, como uma boa casa, um carro novo e uma televisão grande passam e, em um instante, ficam reduzidas a nada. Por isso é preciso apreciar o que é mais valioso, ou seja, Deus, a família, as boas relações, o serviço à comunidade. Isso não passa, não é destruído; isso dura para sempre”.

Solidariedade

Por fim, o bispo assegurou que os estados afetados têm recebido a solidariedade nacional e internacional, pela qual “agradecemos de coração”.

Ele destacou também o trabalho de milhares de voluntários, os serviços das diferentes instâncias do governo, assim como do Exército Mexicano. Mas lamentou que existam “políticos que aproveitam da desgraça para conseguir votos”, bem como “pessoas que se limitam a ver de longe o sofrimento alheio e criticam a todos, mas não movem uma palha para ajudar os que ficaram sem nada”.

Arizmendi convidou os fiéis a fazer doações para as vítimas do terremoto e a orar, “porque a oração tem uma força incrível”.

ATUALIZAÇÃO: no dia 19 de setembro, outro terremoto, desta vez de magnitude 7.1 graus na escala Richter, atingiu a Cidade do México. Mais de duzentas pessoas morreram e pelo menos 45 edifícios ficaram destruídos.

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