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A católica que vive há 3.000 dias no inferno à espera do enforcamento

Asia Bibi – fr

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Isabelle Cousturié - publicado em 25/09/17

Presa no Paquistão por "blasfemar contra o islã", ela sobrevive sob a angústia de não saber o dia nem a hora

Em 2009 ela foi condenada à morte sob a acusação, mundialmente questionada, de “ter blasfemado contra o islã”. Em 2017, passados mais de 3.000 dias e noites de angústia, solidão e terror inimagináveis, ela ainda aguarda o veredito final.

A católica paquistanesa Asia Bibi foi jogada na prisão em 14 de junho de 2009. Um ano depois, a mulher casada e mãe de 5 filhos foi condenada à morte pela acusação de blasfêmia. Desde 2013, após duas transferências de presídio, ela fenece em uma das três celas sem janelas do corredor da morte de Multan, no Punjab.

Em 2014, o Supremo Tribunal do Paquistão adiou o julgamento de um recurso porque 150 especialistas na “lei islâmica”, os muftis, simplesmente ameaçaram de morte qualquer um que viesse a ajudar os “blasfemos” do país. A partir daí, o caso não avançou nenhuma vírgula. Em 30 de agosto de 2017, Asia Bibi completou 3.000 dias de encarceramento.

Sua família vive como se ainda corressem tempos de catacumbas – e, no Paquistão, ainda são esses os tempos que correm para os cristãos. As únicas coisas que se ficam sabendo sobre Asia Bibi e sua família são as que vêm do seu advogado, o muçulmano Saif ul Maluk. Ele conta que a cliente está bem e ainda espera a libertação. Por outro lado, o Supremo Tribunal do Paquistão parece ter-se esquecido do caso. Não há decisão definitiva entre a sentença de morte e a soltura.

Ao longo desses mais de 3.000 dias, porém, Asia Bibi não parou de rezar nem de pedir orações.

A mulher cristã que se tornou um ícone para todos os que lutam no Paquistão e no mundo contra a violência em nome da religião compôs no ano passado uma oração por ocasião da Páscoa. Esta prece a acompanha em seu cativeiro:

Senhor Ressuscitado, permite que a tua filha Asia ressuscite contigo. Rompe as minhas correntes, liberta o meu coração para além destas barras e acompanha a minha alma, para estar perto das pessoas que eu amo e sempre perto de ti. Não me abandones no dia do tormento, não me prives da tua presença. Tu, que sofreste a tortura e a cruz, alivia o meu sofrimento. Sustenta-me perto de ti, Senhor Jesus. No dia da tua ressurreição, Jesus, eu quero orar pelos meus inimigos, por aqueles que me feriram. Rezo por eles e te peço que os perdoes pelo mal que me fizeram. Peço-te, Senhor, que retires todas as barreiras, para que eu alcance a bênção da liberdade. Peço-te proteção para mim e para a minha família.

Já se vão mais de oito anos de sofrimento, angústia e esperanças quase sufocadas, mas mantenhamos a nossa oração acesa e os nossos atos de apoio vivos, porque, rezando por ela e dando-lhe apoio, estamos rezando e apoiando a todos os cristãos perseguidos mundo afora, em meio aos seus sacrifícios inimagináveis.

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