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Quem resgatou o soldado Ryan foi um padre católico

Padre Francis Sampson

Pe. Francis Sampson e Desembarque na Normandia - Fotos de Domínio Público

Religión en Libertad - Aleteia Brasil - publicado em 29/09/17

A história extraordinária e verdadeira do padre Francis Sampson, paraquedista e capelão da mítica tropa do Dia D

Quem gosta de livros, séries e filmes sobre a 2ª Guerra Mundial provavelmente tem uma noção bastante razoável do que foi o Dia D para a 101ª Divisão Aerotransportada.

Entre os bravos soldados que saltaram para além das linhas alemãs na Normandia naquele épico 6 de junho de 1944 estava o lendário capelão da unidade, o pe. Francis L. Sampson (1912-1996), cuja história arrepiante foi relatada em seu livro de memórias Look at Below: A Story of the Airborne by a Paratrooper Padre (“Olhe para baixo: uma história da Aerotransportada, escrita por um padre paraquedista”, publicado em 1958).

O resgate do soldado Niland

Foi o pe. Sampson, e não o personagem de Tom Hanks, quem recebeu das autoridades militares, na vida real, a missão de localizar em plena guerra o soldado Fritz Niland, que tinha perdido no Dia D os seus três irmãos. As cartas com a notícia da morte de nada menos que três filhos haviam chegado ao mesmo tempo às mãos de sua mãe, tal como retrata o célebre filme “O Resgate do Soldado Ryan“, de Steven Spielberg, em uma das suas cenas mais devastadoras.

A história do filme, que optou por nomes e personagens fictícios, é inspirada nos fatos reais que envolveram os irmãos Niland. E o real responsável pelo resgate do último soldado Niland foi o Padre Sam, como era chamado pelas tropas o sacerdote. Ele encontrou o soldado na praia francesa que tinha recebido o codinome de Utah Beach e se encarregou da sua repatriação aos Estados Unidos.

Um capelão paraquedista

Antes disso, o pe. Sampson tinha vivido o dia do desembarque como mais um entre os paraquedistas. Sua primeira medida ao pisar em terra foi procurar o seu kit de missa, que ele tinha perdido durante o salto sob fogo inimigo. Foi um desafio a mais no meio da escuridão e dos disparos mortais – mas ele conseguiu encontrá-lo.

A universalidade da Igreja nas trincheiras

Aquilo foi só o começo. No mesmo dia, em uma granja na qual atendia vários feridos, o padre se viu flagrado por dois soldados alemães. Eles o levaram, sob mira de fuzil, até uma estrada onde aparentemente pretendiam executá-lo. Foi quando apareceu um terceiro soldado alemão: ele não somente evitou o crime como ainda mostrou ao padre, num gesto cúmplice, uma medalha católica. “Foi reconfortante comprovar a universalidade da Igreja naquele dia”, declarou depois o Padre Sam a respeito do católico do exército inimigo que tinha lhe salvado a vida.

Uma breve e épica homilia

Passados poucos dias, ele celebrou a missa para um grupo de enfermeiras numa igreja que tinha sido quase completamente bombardeada. Só tinham ficado em pé duas paredes e… as imagens de Cristo, de São Pedro e de São Paulo, um fato que todos ali consideraram inexplicável.

Diante daquelas ruínas – e daquelas imagens milagrosamente preservadas, o pe. Sam fez esta breve e inesquecível homilia:

“A imagem nua do Galileu pendurado na cruz sempre inspirou amor e ódio. Nero quis fazer da cruz uma imagem odiosa, levando os cristãos à morte, denegrindo-os, incendiando Roma com cruzes humanas em chamas. Juliano, o Apóstata, disse que conseguiria que o mundo esquecesse o homem da cruz, mas, na sua agonia final, teve de confessar: ‘Tu venceste, Galileu’. Os comunistas proíbem a sua presença porque temem o seu poder contra os seus desígnios perversos. Hitler tentou substituir a imagem de Nosso Senhor na cruz por uma estúpida suástica. Invectivas, falsas filosofias, violência… Todo tipo de instrumento diabólico já foi empregado para arrancar o Cristo da cruz e o crucifixo da igreja. Mas, como as bombas que caíram sobre esta capela, só conseguiram destacá-la mais e mais. A imagem que amamos cresce cada vez mais em nosso entendimento pela veemência do ódio das pessoas más. Cada um de nós tem esta imagem sagrada impressa na alma. Como esta capela, somos templos de Deus. E não importa se estamos despedaçados pelas bombas, pela tragédia, pelas provações e pelos ataques: a imagem do Crucificado ficará de pé se assim nós quisermos. Renovemos ao pé desta cruz as nossas promessas batismais. E prometamos que a Sua imagem revestirá para sempre o nosso coração”.

Uma trajetória cinematográfica

O pe. Sampson foi capturado pelos alemães e passou nada menos que seis meses num campo de prisioneiros. Quando foi finalmente libertado, optou por voltar para o fronte e continuou lutando as batalhas finais da 2ª Guerra Mundial com sua mítica 101ª Divisão Aerotransportada.

O célebre livro de Cornelius Ryan, The Longest Day (“O mais longo dos dias”), dedicado ao desembarque na Normandia, fala extensamente deste extraordinário sacerdote católico.

O Padre Sam esteve ainda na Coreia. Em 1967, foi nomeado chefe dos capelães militares e, mesmo na reserva, não quis parar de atender os companheiros paraquedistas no Vietnã.

Em 28 de janeiro de 1996, Deus convocou o pe. Francis L. Sampson para desembarcar no Seu Abraço Eterno. Sobre a terra, o Padre Sam deixou profunda marca tanto na história militar norte-americana quanto, acima de tudo, na alma das milhares de pessoas para quem ele foi testemunha valente de Cristo, inclusive quando, a exemplo do Calvário, tudo parecia condenado às trevas sem fim.

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Adaptado de artigo do site Religión en Libertad

Tags:
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