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Uma carta aberta às mães que se arrependem de ter filhos

Child and Son Laughing

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Annabelle Moseley - publicado em 10/10/17

Uma resposta ao movimento inquietante e crescente de mulheres que admitem publicamente que desejariam ter escolhido de forma diferente

Querida mãe que se arrepende de ter filhos,

Eu li a série de artigos recentes que relatam o crescente movimento de mães que estão declarando publicamente seu arrependimento por ter filhos e, se você faz parte disso, eu quero te dizer que eu não julgo você. Mas eu gostaria de tentar te ajudar a analisar sua situação de forma diferente e, se eu puder, oferecer esperança e consolo.

Nesta era das mídias sociais, pode tornar-se tentador pensar que realmente sabemos como é a vida de outra pessoa. Lembre-se, porém, que estamos apenas vendo o que essa pessoa escolhe exibir. Só porque outras pessoas estão fazendo viagens e sempre sorrindo não significa que a vida dessas pessoas seja a vida que você almeja ao invés da sua própria vida. Você pode estar desejando ser a mulher que não tem filhos ou a mulher que ganhou uma promoção, mas é perfeitamente possível que essa mulher esteja olhando fotos da mulher com o filho nos braços, desejando poder trocar de vida.

É verdade que a maternidade pode ser difícil, solitária, intimidante, exaustiva. Por causa das necessidades da família você acaba perdendo alguns eventos que gostaria de participar. De alguma forma atrapalha sua carreira (se você tiver uma). Sua casa fica bagunçada mesmo você querendo que estivesse arrumada. Haverá noites em que você irá chorar e, em um momento sombrio, você pode ser tentado a ter arrependimentos enquanto imagina “a estrada não trilhada” – para citar o famoso poema de Frost.

Mas como o Dr. Hamilton Beazley escreve em seu livro No Regrets: A Ten-Step Program For Living in the Present and Leaving the Past Behind, “e se ele tivesse escolhido a estrada mais percorrida? Essa escolha, também, teria ‘feito toda a diferença’. Mas qual foi a diferença entre as duas estradas…? Nem ele nem nós nunca saberemos. A estrada não escolhida é a fonte de todos os arrependimentos. Nos seduz com fantasias como ‘o que poderia ter acontecido’… envenenando a estrada que escolhemos ou fomos obrigados a escolher e o presente em que vivemos”. Em outras palavras, a estrada não percorrida que desejamos é uma armadilha. Quando eu tive o meu filho, eu disse a minha mãe: “Isso é tão esmagador; eu não sei se estou pronta para isso!”. Ela respondeu sem hesitação: “Bem, o que mais você quer fazer com o seu tempo aqui na Terra? O que é mais importante?”.

Talvez, como eu, você fique tentada a responder a essa pergunta com “eu quero escrever outro livro!”, ou talvez queira fazer uma pós-graduação, ou queira tirar umas longas férias ou iniciar um negócio. Em momentos como este, podemos considerar as palavras do cardeal Mindszenty: “Mãe é a pessoa mais importante da face da terra. Ela não pode reivindicar a honra de ter construído uma catedral como Notre Dame. Ela não precisa. Ela construiu algo mais magnífico que qualquer catedral – a morada para uma alma imortal, a pequena perfeição que é o corpo de seu filho… O que nesta boa terra de Deus é mais glorioso do que isso: ser uma mãe?”

Nada que você faça nesta terra – nenhum livro que você escreva, nenhuma viagem que você faça, nenhum sucesso em sua carreira, nenhum monumento construído em sua honra, nada durará para sempre. Em algum momento isso virará pó. Mas o que durará para sempre é a alma do seu filho, criado por você, e as almas que seu filho criar, tornando seu legado eterno.

Não sei se você é uma pessoa de oração ou se tem rezado muito ultimamente. Pode ser difícil rezar quando você está se sentindo mal. Às vezes você não consegue encontrar as palavras. É nesse momento que você precisa de alguém para lembrá-la quem você é. Talvez você tenha ótimos pais e você pode se lembrar do quanto você deve a eles e pensar como você pode pagar por isso. Talvez você esteja desapontada com a forma como você foi criada ou como você foi abandonada. Este pode ser um momento para você tentar rezar. Pode ser uma tristeza muito profunda e você não consegue lidar com isso sozinho; pode precisar de uma intervenção celestial e de uma mão de cura do seu criador, seu pai celestial, que sempre quer seu amor e nunca deixa de te amar e nunca o abandonará.

Quando a escuridão se aproxima de você, lembrar que este mundo não é tudo o que existe pode te ajudar. Este é o seu tempo para construir um reino, uma tribo… Aqui está um pensamento contra cultural que pode ser extremamente libertador: você está no mundo e pode adorar, mas lembre-se, você não deve ser do mundo. Você é filho de Deus. Esta não é a nossa casa final. Como disse Santo Agostinho sobre Deus: “Nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso” (Livro Primeiro, capítulo 1 – Confissões).

Minha esperança é que todas as mulheres valentes que exerceram a liberdade e poder como mulheres para ter um filho possam encontrar um equilíbrio gentil entre amar a si mesmas e amar suas extensões – afinal, ao amar seus filhos, você está se amando. Você merece ser amada e apreciada, e eles também. E as boas famílias são uma das melhores invenções para o amor e a aceitação, e um refúgio do mundo bonito, mas muitas vezes falso, do qual muitas vezes queremos fazer parte. Na sua luta, espero que não se prive das surpresas e alegrias que podem surgir por causa das escolhas que você fez.

Minha avó, que teve uma família grande, muitas vezes fala sobre a grande benção dessas crianças em sua vida. É uma mulher que, mesmo com 100, tem sonhos e é interessante, cheia de energia. Não era uma flor encolhida; ela era uma força a ser contada. Ela fez uma notável carreira na década de 1960, ganhando um cargo especialmente criado para ela na companhia que trabalhava. Ela conta como depois de tentar infalivelmente ter filhos durante cinco anos de casamento, ela e meu avô decidiram que ficariam gratos por qualquer criança que Deus mandasse. Deus enviou seis. Ela fala sobre o quão difícil isso pode ser.

Mas ela também observa: “Às vezes, é seu filho quem salva você”.

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