Por trás desse vício podem estar presentes outros diagnósticos, sendo a pornografia apenas a ponta do icebergPsicólogos têm observado que mulheres com problemas na autoestima ou que passaram por bullying na infância ou adolescência tem buscado, na pornografia, uma forma de compensação, tentando, assim, sentirem-se superiores às outras mulheres. Inconscientemente, querem se sentir amadas, mas no fim, encontram apenas um vazio.
Precisamos entender que, por trás do vício da pornografia, podem estar presentes outros diagnósticos, sendo a pornografia apenas a ponta do iceberg. No transtorno bipolar, por exemplo, um dos sintomas é a compulsão, porém, mais frequente e observável é a compulsão por compras nos períodos de mania. No entanto, algumas mulheres com este diagnóstico canalizam a compulsão na sexualidade e, em vez de compras, a pornografia pode se tornar o objeto de prazer. As compras geram uma sensação de satisfação, assim como a pornografia, mas logo a mulher volta ao estado de carência, de vazio.
Insatisfação
Esposas cristãs dizem estar insatisfeitas em suas relações conjugais. No Reino Unido, segundo pesquisa, 1 em cada 5 mulheres se diz descontente. Muitas justificam a busca pela pornografia como forma de compensar essa insatisfação, passando ao sexo individual, à masturbação. Algumas colocam a culpa totalmente no homem, dizendo que eles não são carinhosos nem românticos. Mas será mesmo que a culpa é só deles?
Sabemos que existem homens que sofrem de distúrbio de perversão sexual, são agressivos e doentes, mas não entraremos nesse mérito aqui. Falaremos de homens normais, que sofrem ao se sentirem rejeitados por suas esposas. É comum eu ouvir de mulheres frases como: “Meu marido só dá carinho quando quer sexo” ou “Quando quer sexo, ele me trata como princesa”. Elas dizem isso com raiva e mágoa. É como se, na mente dessa mulher, houvesse uma cisão entre o que é amor e o que é sexo, como se fossem coisas separadas, divididas. Não! Sexo é amor, é carinho.
A mulher que sente raiva ao receber carinho enquanto é amada e desejada sexualmente por seu marido tem bloqueios. Alguns desses bloqueios podem ser oriundos de traumas vividos na infância, como abuso, pai que traia a mãe, pai que abandonou a família, alcoolismo e agressividade. Enquanto crianças, passaram a ver os homens como brutos, sujos, falsos, que abandonam, machucam, que não sabem amar. Essa visão negativa de homem, vinda da infância, impede que a mulher veja o amor do marido para com ela. Mesmo um toque de carinho do marido pode acionar, inconscientemente, essas frases negativas.
A mulher, então, não vê o marido como verdadeiramente ele é, mas distorcido com os fantasmas da infância. As heranças hereditárias, vindas das histórias negativas que mães, avós viveram, também podem atrapalhar. As mulheres feridas precisam curar seus traumas.
Muitos traumas necessitam de técnicas terapêuticas para atingir a cura, mas, se forem traumas menores, seu cérebro é capaz de ressignificar essa visão de homem, entendendo, principalmente, que seu esposo não é aquele homem que tentou abusar, não é aquele pai carrasco ou que abandonou. É como colocar um muro atrás de seu marido, que o separa de todos os outros homens que machucaram você ou as mulheres de sua linha hereditária.
Para que se curar desses traumas?
Como diz Sirley Bittu, “os fantasmas que não conseguimos vencer, nossos filhos terão de vencê-los”. O homem sofre muito quando não consegue fazer sua esposa se sentir plenamente realizada. Diz sentir-se incapaz, inútil, um nada, um lixo. Isso gera sofrimento, e muitas são as consequências. Alguns homens entram em depressão, manifestando os sintomas por meio de tristeza, mal humor ou irritabilidade. Outros buscam em vícios, principalmente no alcoolismo, uma forma de fuga. Há homens que chegam a adoecer fisicamente.
Uma pesquisa ainda não concluída está constatando que homens com problemas cardíacos relatam ser rejeitados por suas esposas, como eles dizem: “dói não ser amado”. A traição é outra consequência. Alguns homens, ao traírem, inconscientemente, deixam pistas para que a esposa descubra a traição, como um pedido de socorro, um grito: “Ame-me!”.
Fazer amor exige amor
Até aqui, vimos que são muitas as raízes que nos fazem compreender melhor o que está acontecendo nos casamentos, na união profunda do casal, na sexualidade. Mas tenho percebido outro fenômeno que não tem ligação nenhuma com trauma ou histórias do passado: as mulheres estão com preguiça de amar. Para elas, amar o esposo não é prioridade. O trabalho, a carreira, as amizades, o celular, o status tomam o lugar do amor. A pornografia gera um sexo rápido, fácil, “monossexo”.
Fazer amor exige amor. Amor ao outro, desejando gerar prazer ao marido, e também abrindo-se ao prazer. O amor é criativo, não pode permanecer na rotina. Mas a área do cérebro onde está a criatividade é também a área da sensibilidade, do afeto, das emoções. Tenho medo de que as mulheres, ao quererem se igualar aos homens, estejam cristalizando suas emoções, e o cérebro racional esteja dominando o coração das esposas.
Por Adriana Potexki, via Canção Nova
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