Isabella, minha terceira filha, muitas vezes repete uma anedota que ouviu de uma de suas professoras, que é uma artista de desenho fantástica e é ótima em trabalhos criativos em geral.
Esta professora, chamada Ancilla, explicou a seus alunos que, uma vez, um professor lhe disse: “Você nunca aprenderá a desenhar bem. Dedique seu tempo a outra coisa”.
Então, quando Isabella começa a se sentir desencorajada – por exemplo, se seus desenhos, que ela queria que fossem obras de arte, não estão à altura de suas expectativas – ela repete a história de sua professora.
Uma história em que a criança continuou firme em sua decisão de se tornar melhor do que ninguém nos desenhos. Os efeitos dessa persistência teimosa – “se no início você não tiver sucesso: tente, tente novamente!” – estão ali, na frente desses alunos.
Esta pequena história, tão encorajadora e poética, com sua medida de valor educacional, veio à minha mente esta manhã quando folheei uma seção de notícias. Eu encontrei um artigo sobre mulheres que foram rejeitadas por diretores de cinema porque não eram suficientemente bonitas, inteligentes, magras etc., e que mais tarde triunfaram apesar do começo difícil.
Hollywood “rejeitou” quem se tornou sucesso
- Jennifer Lawrence
“Não, eu sinto muito. Eu não tenho nada contra você pessoalmente, mas você simplesmente não é bonita o suficiente”. Isso foi o que a jovem atriz ouviu de Debra Tate durante sua audição para desempenhar um papel. Ela não tinha nada contra Jennifer em particular; simplesmente parece que seus padrões de beleza eram tão altos quanto as estrelas. Aparentemente, no entanto, a carreira (e beleza) de Lawrence não foi particularmente afetada por essas palavras; ela ganhou um Oscar em 2013 e foi indicada em outras três ocasiões.
- Meryl Streep
A atriz foi rejeitada para um papel principal no remake do filme King Kong em 1976, porque ela era “feia”. (Jessica Lange conseguiu o papel principal em seu lugar). Na verdade, foi o famoso diretor Dino de Laurentis que exclamou, em italiano, “Che brutta!” (“Como é feia!”). O episódio a magoou profundamente – tanto que ela ainda conta a história até hoje. Ela conta isso para demonstrar a mudança de sorte que veio depois (Meryl Streep foi indicada ao Oscar 20 vezes, e ganhou três), e a falta de dignidade de certas pessoas em situações específicas. Ela pode, talvez, nos forçar a revisar algo que dissemos anteriormente: talvez devêssemos remover a preposição “apesar” da nossa afirmação “apesar dos começos difíceis…”. Às vezes, parece que ser rejeitado e mal interpretado pode ajudar a nos motivar!
- Reese Witherspoon
Ela não era alta, bonita ou inteligente o suficiente. Pelo menos, foi o que ela ouviu no início de sua carreira de alguns diretores. Felizmente, ela não se sentiu desencorajada pelo fracasso inicial; ela ganhou um Oscar em 2006 pelo filme Walk the Line (Johnny e June), e foi indicada novamente em 2015.
- Lea Michele
A atriz que interpretou Rachel em Glee (entre muitos outros papéis na TV) tem um rosto agradável “marcado por esse grande nariz” (de acordo com alguns diretores de elenco), e deveria ter feito plástica no nariz se quisesse ter alguma esperança de sucesso. “Ou não”, você pode dizer, quando você a vê no tapete vermelho, ou quando você percorre sua impressionante lista de indicações e prêmios por suas performances na TV e na Broadway.
- Viola Davis
De acordo com o New York Times de 2014, Davis era “menos classicamente bonita” do que outras atrizes – o que era mais ou menos uma maneira de dizer “não é bonita o suficiente”. Essa opinião autoritária não deve ter importado muito para sua base de fãs cada vez maior, que a assistiram em muitas séries de TV e no cinema. Nem importou para os responsáveis que a indicaram inúmeras vezes para diversos prêmios. Ela ganhou um Oscar em 2017 pelo filme Fences (Um Limite entre Nós).
Julgamento superficial
O que mais se destaca desses e outros episódios não é tanto a suposta “feiura” das atrizes (algo que tem pouco a ver com a realidade), mas sim a arrogância daqueles que as julgaram. Claro, é o trabalho das pessoas envolvidas no processo de elenco declarar constantemente “Você, sim; você, não”. Ou, “Você fará para o papel; você, por outro lado…” etc. Mas, às vezes, essas pessoas não conseguem ir mais longe do que uma primeira impressão, não conseguem reconhecer o talento e entender o fato de que a “beleza clássica” não é o único tipo de beleza.
Mas, de qualquer forma, a rejeição – não sendo apreciada por uma ou muitas pessoas, ou sendo julgada por algumas como inadequada (seja de maneira injusta ou correta) – faz parte da vida. Mesmo se não somos atores, todos nós estamos sempre em uma espécie de “competição”. Precisamos nos acostumar com isso. Como?
Em primeiro lugar, precisamos aceitar que é assim que a vida funciona e aprender a parar de pensar que o reconhecimento e a aprovação externa são o único meio de saciar nossa sede de autoestima.
A perseverança nos aproximará cada vez mais do nosso objetivo. No entanto, também precisamos ser realistas; ao dar o nosso melhor esforço, devemos medir se o esforço e o tempo que investimos são proporcionais às recompensas que podemos esperar.
Também precisamos lembrar que nosso valor pessoal e dignidade como seres humanos não depende do nosso sucesso, da nossa aparência ou do que os outros pensam de nós. Pelo contrário, devemos lembrar que somos únicos aos olhos de Deus Criador. Precisamos apreciar a nós mesmos e aos outros por quem somos, não apenas pelo que parecemos ou pelo que podemos fazer.