Ninguém gosta de pensar sobre a morte, seja ela a própria morte ou a de um ente querido. Mas uma parte inesperada do processo de luto pode ser alegria e o reconhecimento por ter conhecido uma pessoa boa ou ter vivido uma vida plena. É por isso que o médico de Stanford, VJ Periyakoil, especialista em estudos de envelhecimento multicultural e geriatria, fundou o Stanford Friends and Family Letter Project (Projeto de Carta de Amigos e Famílias de Stanford). O objetivo é ajudar a todos a evitar qualquer tipo de arrependimento e, em vez disso, incentivar a gratidão e o amor.
No ano passado, Periyakoil e sua equipe criaram um modelo gratuito de “última carta” em oito idiomas. Qualquer pessoa pode usar o modelo para reconhecer, perdoar e apreciar familiares e amigos antes de morrer.
O modelo aborda sete passos do que Periyakoil chama de “tarefas de revisão de vida”:
Tarefa 1: Reconheça as pessoas importantes em sua vida.
Tarefa 2: Lembre-se de momentos preciosos de sua vida.
Tarefa 3: Se você feriu alguém que você ama, peça desculpa.
Tarefa 4: Se alguém que você ama o machucou, perdoe.
Tarefa 5: Expresse sua gratidão por todo o amor e cuidado que você recebeu.
Tarefa 6: Informe aos seus amigos e familiares o quanto você os ama.
Tarefa 7: Tire um tempo para dizer “adeus”.
Embora cada um faça a sua “última carta” de forma diferente, Periyakoil percebeu certos temas conectivos entre os textos.
Em um artigo recente para o New York Times, Periyakoil escreve que “o sentimento mais comum que as pessoas expressam é o arrependimento, elas se lamentam por nunca terem tirado um tempo para consertar amizades e relacionamentos quebrados; lamentam que nunca tenham dito a seus amigos e familiares o quanto eles são importantes; lamentam por serem lembrados por seus filhos como mães hipercríticas ou pais exigentes e autoritários”.
Outros sentimentos comuns incluíam o orgulho por seus filhos, desculpas que não obtiveram e perdão por rancores causados.
Periyakoil assegura aos leitores que o melhor momento para escrever sua última carta é enquanto você ainda está saudável. Esta é a sua oportunidade de dizer em voz alta o que você nunca falou para as pessoas de quem você mais gosta na vida. A carta pode ser especialmente valiosa para uma pessoa mais reticente, mas a verdade é que todos nós podemos nos dar ao luxo de expressar mais amor e gratidão em nossa vida diária.
“Uma vez escrita, você pode escolher compartilhar a carta com seus entes queridos imediatamente”, escreve Periyakoil. “Você também pode guardá-la em um lugar seguro ou com uma pessoa confiável para ser entregue à sua família no futuro. Algumas pessoas preferem usar a carta como um documento vivo e atualizá-la ao longo do tempo”, conclui o especialista.
Certamente o esforço de Periyakoil e sua equipe incentivam este tipo de reflexão positiva sobre a vida – o que só trará mais amor para as pessoas.