Durante a primeira visita do Papa São João Paulo II à Venezuela, em janeiro de 1985, um menino o comoveu até as lágrimas na Santa Missa em Ciudad Guayana e, ao longo da visita, fez o Santo Padre pedir diversas vezes que repetissem a marcante canção “El Peregrino”.
A emoção provocada na Venezuela pela visita histórica do pontífice gravou aquela música e a voz de anjo daquele menino na memória do povo como um dos episódios mais bonitos da história recente desse país, tão martirizado há anos por uma ideologia raivosa e rancorosa que o vem reduzindo à miséria.
O menino se chamava Adrián Guacarán. A sua voz, preciosa, se destacou na missa multitudinária que São João Paulo II presidia em campo aberto. Ninguém esperava. Quando a voz do menino se levantou, um silêncio absoluto e fascinado reinou entre a multidão.
O Papa, assombrado com a potência e a doçura daquela voz, o procurava entre o mar imenso de cabeças que também se empinavam para localizar a origem daquele canto angelical. Os vídeos mostram um Papa curioso e comovido, movendo a cabeça de um lado para o outro até visualizar o menino que cantava.
Foi um momento mágico. Hoje, impactados com a notícia da morte de Adrián Guacarán, todos nós nos tornamos venezuelanos e o recordamos com orgulho, apesar da tristeza – e da indignação pelas evitáveis circunstâncias da sua morte prematura.
A viúva de Adrián contou que o músico de 44 anos sofria de insuficiência renal.
“Veio uma senhora e encheu quatro frascos de albumina, mas não era suficiente. Ele não recebeu o tratamento completo. Foram tantas coisas necessárias que faltaram”, lamentou Sheila de Guacarán.