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A carta emocionante que Rafael Nadal recebeu do seu tio e técnico

TONI NADAL

Alexey Filippov/Sputnik

3127588 06/11/2017 Rafael Nadal (Spain), winner of the men's singles at the French Open, and his coach, Toni Nadal, at the awards ceremony

Dolors Massot - publicado em 23/11/17

Por trás de um grande homem... aqui há outro grande homem

Aristóteles disse que a amizade é a coisa mais necessária na vida. Cícero assegurou que a amizade é o sol da vida. Sobre pais e mães há milhares de frases famosas. Mas a literatura é escassa em elogios aos tios. Isso há de mudar, principalmente porque existem tios como Toni Nadal.

Toni entrou em nossas vidas há 27 anos, quando começou a treinar seu sobrinho Rafa, um dos melhores tenistas da história. Rafa soube enfrentar as lesões, lutar, ganhar partidas em que não era favorito, levantar-se, jogar com dores nos joelhos e, além disso, viver o espírito esportivo, a boa educação e o sorriso graças ao seu ambiente familiar e profissional. Para isso, Toni Nadal foi essencial.

O Prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu, disse que a gente não escolhe nossa família e que ela é um presente que Deus nos dá. Rafael Nadal teve a sorte de ter como tio um homem forte, ambicioso, humilde e valente.

Recentemente, o jornal El Paíspublicou uma carta em que Toni informa que está se aposentando como técnico. É uma carta muito emotiva, da qual destacamos algumas frases:

  1. Em primeiro lugar, o título. “Obrigado, Rafael”. Não há um verbo em primeira pessoa nem um lamento. A valorização de todos esses anos é de alguém que reconhece qual é o seu papel nessa história. Seu dedo aponta para a estrela, ou seja, Rafa.
  2. O sentido pedagógico do treinamento: “Desde o início da trajetória de meu sobrinho no tênis, tentei desenvolver um caráter forte e resolutivo para fazer frente às dificuldades do tênis em particular e da vida em geral”.
  3. Como ele colocou Rafa para cima: “Fui mais irritante que gentil, mais exigente que orgulhoso. Procurei nele mais um ponto de insatisfação do que de aprovação e sempre transferi para ele toda a responsabilidade”.
  4. Espírito de fair play: “Tive a sorte de conviver com uma geração de grandes jogadores, mas sempre quis que a defesa dos interesses do meu jogador não me impedisse de ver os outros de uma perspectiva mais ou menos equânime. Nunca quis que a rivalidade ultrapassasse os limites da quadra nem enxerguei nenhum adversário como inimigo. Isso me permitiu apreciá-los, respeitá-los e aprender com eles”.
  5. Chamada à ação virtuosa do esporte. In medio virtus, dizia Aristóteles. E o técnico levou isso para a dimensão que o esporte tomou na vida das pessoas: “Creio que nos faria muito bem se começássemos a moderar nossas paixões no campo esportivo e estendê-las às outras áreas de nossa vida”.
  6. Agradecimento às pessoas que fizeram parte da jornada, principalmente à equipe: “Agradeço pela entrega, pelo compromisso, pela amizade. A convivência com todos me enriqueceu enormemente como profissional e, claro, como pessoa”.
  7. Reconhecimento ao trabalho jornalístico: os jornalistas “demonstraram tanto rigor quanto respeito pela figura de meu sobrinho e, por extensão, pela minha. Não caíram na prática do desprestígio quando as coisas estavam complicadas para o Rafael. Sentimos muito mais o alento e a compreensão dos meios de comunicação do que a intenção de colocar lenha na fogueira quando atravessávamos crises ou quando sofríamos por causa das lesões”.
  8. A apreciação pelo “respaldo e carinho” de Nadal, que se manifestaram inclusive nas noites em claro, assistindo às partidas.
  9. Agradecimentos a Rafa: “A relação com ele sempre foi atipicamente fácil dentro do mundo em que vivemos. Graças à sua educação, respeito e paixão, pude entender esta profissão. Graças a ele vivi experiências que superaram todos os meus sonhos como técnico. Viajei ao seu lado a lugares incríveis e conheci pessoas relevantes e interessantes. Hoje, sinto-me enormemente valorizado e querido, pois a figura dele engrandeceu a minha muito mais do que eu mereço.”
  10. Para não haver mais lágrimas, melhor um até logo, porque isso não se acaba. Vou com meus alunos de Manacor”.

Você pode imaginar a carta que Rafael vai querer escrever para seu tio? Sem dúvida, ela será selada em cada partida que ele jogar a partir de agora, porque o exemplo de Toni Nadal seguirá empunhando a raquete de Rafa.

Il sangue del soldato fa grande il capitano, dizem na Itália. Em bom português: o sangue do soldado engrandece o capitão.

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