Católico, conheça sua fé“Missa do Galo” é o nome da celebração litúrgica da meia-noite, na véspera do Natal.
A expressão vem da tradição segundo a qual à meia-noite do dia 24 de dezembro um galo cantou mais fortemente que qualquer outro, anunciando o nascimento do Menino Jesus.
Assim como o galo anuncia o nascer do sol e seu canto preludia o amanhecer, assim também a “Missa do Galo” comemora e canta o nascimento de Jesus, o Sol nascente que, clareando a escuridão do pecado, veio nos remir.
Galo no topo da catedral São Vito, Praga
O galo foi escolhido como símbolo desta celebração porque ele representa, histórica e tradicionalmente, a vigilância, a fidelidade e a fé proclamada no auge das trevas.
Por isso podemos ver, no topo do campanário das igrejas, um galo proclamando para todos os quadrantes que Jesus nasceu.
A celebração é feita à meia-noite porque o nascimento ocorreu por volta dessa hora. A “Missa do Galo” foi celebrada pela primeira vez no século V pelo Papa Xisto III na então nova basílica de Santa Maria Maior, onde são hoje veneradas as relíquias do Santo Presépio, conservadas em artístico relicário.
Nos primórdios da Igreja, os cristãos se encontravam para rezar na cidade de Belém à hora do primeiro canto do galo. Com a expansão da Igreja, na vigília do Natal os fiéis se reuniam na igreja mais próxima e passavam a noite rezando e cantando.
Em algumas aldeias espanholas era costume os camponeses levarem um galo à igreja para que ele cantasse na missa.
A igreja era toda iluminada com lâmpadas de azeite e tochas. As paredes eram revestidas com panos e tapetes. O templo era perfumado com alecrim, rosmaninho e murta.
Desde o início desta devoção a véspera de Natal é suave e nobremente jubilosa. Por isso é chamada de Noite Santa. Seus cânticos são festivos, como o tradicional Glória litúrgico.
Adoração do Menino Jesus no fim da Missa do Galo, igreja do Oratório, Londres |
Segundo uma tradição católica muito generalizada, os fiéis iam acendendo uma vela a mais em cada semana do Advento, ou período de quatro domingos antes do Natal.
Elas já estavam todas acesas na “Missa do Galo”, solenemente celebrada e na qual a comunhão era oferecida pelo nascimento do Messias.
Em Roma, o Papa deve conduzir pessoalmente a celebração, pois ele é sucessor de Pedro, o Apóstolo designado pelo próprio Jesus para primeiro monarca da Igreja (Mt 16,18).
O Natal é uma das raríssimas datas litúrgicas que contemplam três Missas diferentes: a da noite, a da aurora e a do dia.
Segundo São Gregório Magno, a Missa da noite, ou “do Galo” in galli cantu (à hora em que o galo canta) comemora a vinda de Jesus à Terra; a Missa da aurora, celebrada logo depois, comemora o nascimento de Jesus no coração dos fiéis; a Missa do dia, ou Missa de Natal propriamente dita, evoca o nascimento do Verbo de Deus.
A Missa começava com um cântico natalício. No momento do “Gloria in excelsis Deo”, as campainhas tocavam para assinalar o nascimento do Redentor. No fim da celebração, todos iam oscular o Menino. Em algumas Igrejas, o presépio permanecia coberto até o momento do cântico.
De início jejuava-se durante a vigília, como forma de desprendimento e convite à contemplação do grande mistério que vai se celebrar. Comia-se apenas peixe — e em Portugal bacalhau, costume que ainda perdura em muitos lares brasileiros.
Depois que se aboliu o jejum, o povo continuou a chamar a ceia de Natal de “consoada”, embora esta tenha passado a ser mais abundante. “Consoada” significa pequena refeição e surgiu no século XVII. Era feita após a “Missa do Galo”.
Os fiéis chegando para a ‘Missa do Galo’ (Clarence Gagnon,1933) |
Até a revolução “pós-conciliar”, após a “Missa do Galo” as famílias voltavam para suas casas, colocavam a imagem do Menino Jesus no Presépio, cantavam e rezavam em seu louvor, faziam a Ceia de Natal e trocavam presentes.
O nome “Missa do Galo” usa-se apenas em português e espanhol. Na maior parte do mundo chama-se simplesmente Missa da noite de Natal ou Missa da meia-noite.
Na Espanha havia uma tradição peculiar: “Antes de baterem as 12 badaladas da meia-noite de 24 de dezembro, cada lavrador da província de Toledo matava um galo, em memória daquele que cantou três vezes, quando Pedro negou Jesus, por ocasião da sua morte”.
Em seguida, a “ave era levada para a igreja e oferecida aos pobres”, informa a agência católica Ecclesia.
Apesar do laicismo moderno e da escalada do ateísmo materialista, nessa abençoada noite as catedrais de Paris, Londres, Barcelona e muitas outras se enchem, para acompanhar os coros que cantam as santas alegrias do Natal iminente… até o galo cantar anunciando a Boa Nova!
(via Ciência confirma Igreja)