Local onde foi gravado o episódio de "Star Wars" tinha uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo; ruínas podem ser visitadas
A famosa “ilha dos Jedi”, onde foi rodado o oitavo episódio da saga Star Wars, foi, há centenas de anos, o lar de resistentes monges irlandeses que construíram uma ilha em honra a São Miguel Arcanjo.
Dom James Conley, Bispo de Lincoln, Estados Unidos, recordou a história das duas Ilhas Skellig, na Irlanda, onde foram gravadas várias cenas do sétimo (“O Despertar da Força”) e do oitavo episódios (“Últimos Jedi”) de Star Wars.
Em declarações a CNA – agência em inglês do grupo ACI –, comentou que viajou à ilha Skellig Michael quando “tinha me convertido recentemente ao catolicismo”.
Sua motivação surgiu após ler “sobre esses incríveis monges que viviam e rezavam nessa rocha, e como não havia terra, tiveram que construir camas com algas para cultivar qualquer alimento”.
“Eles levaram uma vida ascética incrível nestas frias rochas e tudo o que fizeram foi rezar, eram como esses monges ascéticos dos primeiros tempos do cristianismo, os quais viviam no deserto e que levavam um estilo de vida que dificilmente se pode imaginar hoje”, expressou Dom Conley.
Ruínas do mosteiro / Foto: Flickr Highlander411 (CC-BY-2.0)
Explicou que é “muito difícil e perigoso entrar no porto da ilha. Tem que ir quando houver uma boa maré, porque a água não chega a ser suficientemente alta para deixar você sair. E só pode ficar em Skellig por aproximadamente uma hora”.
Vista do mar a partir das ruínas do mosteiro / Foto: Flickr Arnold Valentino (CC-BY-NC-2.0)(CC BY-NC 2.0)
Parte superior da ilha / Foto: Flickr Dunce002917 (CC-BY-NC-2.0)
Quando chegaram, subiram pelas escadas que conduzem à parte alta da ilha e contemplaram as ruínas da capela dos monges.
“Lembro que havia uma jovem que tinha um violino em sua mochila e que ela tocou uma bela melodia na parte alta da rocha, no meio do oceano”, indicou o Prelado.
“E foi nesse mesmo lugar onde se filmou a cena para o ‘Despertar da Força’, onde Luke Skywalker e Rey, a protagonista, se conhecem. Quando vi o filme, reconheci o local e, de certo modo, tinha me esquecido dele. Reconheci que essa era o mesmo lugar onde tínhamos nos sentado”, manifestou.
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Para Dom Conley, foi “uma experiência muito mística… foi uma experiência muito poderosa, principalmente porque sabíamos que esses monges santos tinham vivido nessa rocha e que rezaram e celebraram a Missa ali, era possível ver as ruínas do altar. Nós sabíamos que estávamos em um lugar muito santo”.
O Bispo de Lincoln disse a CNA que planeja ir ver “Os Últimos Jedi”.
A história dos monges irlandeses e da ilha
Skelling Michael é uma das duas Ilhas Skelling, com uma área de onze quilômetros na costa sudoeste da Irlanda. Antigamente estava desabitada, provavelmente porque o terreno rochoso a tornava inacessível, até que São Finnian de Clonard, um monge irlandês, fundou ali um mosteiro no século VI.
O monastério prosperou e permaneceu durante séculos. É composto por grandes escadas, numerosas celas, oratórios e uma igreja. Dizem que inclusive sobreviveu a um ataque dos vikings no século IX. O nome Michael foi porque durante a metade do século X construiu-se na ilha uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo.
São Columcille costumava dizer que esta ilha era “um deserto em um mar sem caminhos”.
Infelizmente, o monastério foi abandonado entre os séculos XII e XIII. Atualmente a ilha foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO e está aberta aos visitantes.