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Refugiados enfrentam segundo inverno sob o frio e a sujeira de Moria

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Agências de Notícias - publicado em 25/12/17

Segunda “cidade” da ilha grega de Lesbos, com cerca de 5.500 residentes, o campo de refugiados de Moria inicia seu segundo inverno sob o frio e a sujeira, para o desespero dos exilados, a maioria sírios e iraquianos, que continuam chegando.

Montes de lixo, sanitários entupidos, becos lamacentos que serpenteiam entre as pequenas barracas de camping: as imagens roubadas do campo – onde visitas da imprensa são controladas – circulam sem parar nestes últimos dias nas redes sociais para denunciar “a acolhida” que as pessoas que fogem da guerra e da miséria recebem.

Sulvani Gadari, uma etíope de 23 anos, chegou faz dois meses, grávida, após ter sido violentada durante a migração. “Não quero nem lembrar”, confessa. Espera-se que o bebê nasça nas próximas semanas, mas ela só foi examinada uma vez.

“Só quero ir para um país seguro, onde não faça frio”, diz, tremendo, em frente ao abrigo pré-fabricado que divide com outras mulheres sós, e onde se ocupa do turno da guarda “para que não roubem nossos pertences”.

Seu setor, ao lado do de 300 menores desacompanhados, a princípio está protegido. Mas não o acesso aos banheiros, aonde as mulheres têm medo de ir.

– ‘Insegurança’ e ‘tensões’

A situação em Moria, onde a capacidade oficial é para 2.300 pessoas, é considerada “preocupante” pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Como há um ano, quando o frio pareceu ter pego as autoridades de surpresa. Três moradores de Moria morreram em janeiro.

“Ainda há famílias, bebês, deficientes, instalados em barracas sem calefação”, denuncia seu representante, Boris Cheshirkov, que se preocupa com as “tensões” entre os moradores, provocadas pela “superpopulação, a sujeira e a insegurança”.

No começo da semana, dez pessoas tiveram que ser hospitalizadas, após confrontos pelo uso dos banheiros. A Polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para restabelecer a ordem.

Os banheiros e as duchas estão previstos para atender apenas 800 pessoas, com 50 funcionários de limpeza, enquanto Moria “se tornou a segunda cidade da ilha”, depois da capital, Mitilene, destacou o diretor do campo, Giannis Balpakakis.

Assim como aconteceu na primeira grande onda de êxodo para a Europa, em 2015, o campo volta a transbordar. Instalado por ONGs, um terreno adjacente acolhe residentes africanos, cem por barraca, e famílias, principalmente iraquianas, preocupadas em escapar da superlotação.

– Denúncia do prefeito –

Diante das críticas das organizações pró-refugiados, Balpakakis se opõe a retomar a partir deste verão as chegadas provenientes da costa turca, apesar do pacto entre a UE e Ancara, alcançado em março de 2016, para fechar esta rota migratória.

“Só em outubro, tivemos 2.400 chegadas, contra as 600 de um ano atrás”, indica.

A maioria dos recém-chegados deposita um pedido de asilo para evitar ou retardar os envios à Turquia, com os quais a princípio se compromete o pacto.

O governo grego assegura ter sido obrigado a aglomerar estas populações nas ilhas pelas disposições do pacto UE-Turquia e devido às pressões europeias.

Esgotado, o prefeito de Lesbos, Spyros Galinos, acaba de denunciar “todo responsável” pela situação em Moria, a qual considera ilegal.

(AFP)

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