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Uma semana de protestos no Irã

Carnage in Cairo – fr

© STR / AFP

Agências de Notícias - publicado em 04/01/18

Tratam-se das manifestações mais importantes no país desde os de 2009

País submetido durante anos a sanções internacionais por suas atividades nucleares, o Irã é palco, desde a semana passada, de manifestações contra a situação econômica e contra o governo.

Os protestos já deixaram 21 mortos, a maioria manifestantes, e centenas de detidos.

Tratam-se das manifestações mais importantes no país desde os de 2009, violentamente reprimidos, contra a reeleição do então presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad.

– Mashhad –

Em 28 de dezembro, centenas de pessoas se manifestaram na segunda maior cidade do país, Mashhad (nordeste), contra a alta dos preços, contra o desemprego e contra o governo de presidente Hassan Rouhani.

Segundo imagens de vídeo difundidas pela mídia reformista Nazar, os manifestantes gritavam “Morte a Rohani!” e criticaram os compromissos do governo no âmbito regional antes mesmo que no âmbito doméstico.

– Condenação de Washington –

Em 29 de dezembro, centenas de pessoas se manifestaram em Qom (norte), gritando “Morte ao ditador” e “Libertem os presos políticos”, segundo vídeos divulgados nas redes sociais. Outros manifestantes pediam ao regime que abandone seu apoio militar e financeiro aos movimentos regionais aliados para se ocupar de seu próprio povo.

O primeiro-vice-presidente iraniano, Eshaq Jahanguiri, acusou a oposição de estar por trás dos movimentos de protesto.

Os Estados Unidos condenaram as detenções.

“Os dirigentes iranianos transformaram um país próspero, dotado de uma história e de uma cultura ricas, em um Estado relegado à deriva, que exporta principalmente violência, banho de sangue e caos”, disse em um comunicado o Departamento de Estado.

– ‘Manifestações ilegais’ –

Em 30 de dezembro, o regime também lançou milhares de pessoas às ruas para celebrar o aniversário da grande mobilização pró-governo que marcou o fim da contestação contra a reeleição na Presidência de Mahmud Ahmadinejad em 2009.

O ministro iraniano do Interior pediu à população que não participe de “manifestações ilegais”.

À tarde, centenas de pessoas protestaram no bairro da universidade, expressando sua rejeição ao governo, antes de serem dispersados pela polícia.

O presidente americano, Donald Trump, reiterou suas advertências em relação ao poder iraniano, afirmando que “os regimes opressivos não podem durar para sempre”.

– Manifestantes mortos –

Dois manifestantes morreram na madrugada de 31 de dezembro durante confrontos na cidade de Dorud (oeste), indicou o vice-governador da província de Lorestan, Habibollah Khojastehpur, assegurando que as forças de segurança não atiraram contra os manifestantes.

O governo advertiu os manifestantes, dizendo: “Aqueles que destroem os bens públicos, criam desordem e atuam na ilegalidade devem responder por seus atos e pagar o preço”.

O acesso às redes sociais Telegram e Instagram de dispositivos móveis voltou a ser suspenso.

As autoridades acusam grupos “contra-revolucionários” com sede no exterior de utilizar estas redes para convocar manifestações e utilizar coquetéis Molotov e armas de fogo.

O presidente Rohani reconheceu neste domingo que o governo deve “permitir um espaço” para que a população possa expressar suas “inquietudes diárias”, mas condenou “a violência e a destruição de bens públicos”.

Na noite deste domingo, violentos protestos aconteceram em uma dezena de cidades. Um policial iraniano morreu e outros três ficaram feridos por disparos de fuzil em Nayafabad, no centro do Irã.

Segundo a emissora pública iraniana, seis pessoas foram mortas por “tiros suspeitos” em Toyserkan (oeste). Mais cedo, outras quatro já haviam morrido em Izeh (sudoeste) e Doroud (oeste).

– ‘Agitadores’ –

Em 1º de janeiro de 2018, Rohani declarou que o povo iraniano responderá aos “agitadores e descumpridores da lei”. O presidente iraniano qualificou os contestadores de “pequena minoria que (…) insulta os valores sagrados e revolucionários”.

O presidente americano, Donald Trump, afirmou que “chegou o momento da mudança” no Irã.

A Rússia considera que se trata de “um assunto interno” e a União Europeia pede que se garanta o direito a manifestação.

À noite, nove pessoas morreram em várias cidades na província de Isfahan, entre elas seis manifestantes, quando tentavam atacar uma delegacia.

– “Inimigos” do Irã –

Em 2 de janeiro, o Guia Supremo, aiatolá Ali Khamenei, acusa os “inimigos” do Irã de ser responsáveis pelos distúrbios.

O principal grupo reformista, presidido pelo ex-presidente Mohammad Khatami, condena a violência e denuncia “o profundo engano” dos Estados Unidos.

Em um telefonema ao presidente francês, Emmanuel Macron, Rohani exige que aja contra as atividades de um “grupo terrorista” iraniano na França, a Organização dos Mujahedines do Povo do Irã (PMOI).

Os Estados Unidos pedem a Teerã que não bloqueie as redes sociais e solicitam uma reunião de emergência da ONU.

– Fim da sedição –

Em 3 de janeiro, dezenas de milhares de pessoas vão às ruas de várias cidades do Irã manifestar seu apoio ao regime e condenar os “distúrbios” dos últimos dias.

O presidente Rohani diz esperar que as manifestações terminem “em uns dias”.

O chefe dos Guardiães da Revolução, general Mohammed Ali Jafari, afirma poder anunciar “o fim da sedição” e assegura que o número de manifestantes antirregime “não superou os 15.000 em todo o país”.

(AFP)

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