Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quinta-feira 07 Dezembro |
São Ambrósio
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

Professores tentam fazer alunos esquecerem terror do Estado Islâmico em Mossul

CHRISTIANS IRAQ

Jean-Matthieu GAUTIER I CIRIC

Agências de Notícias - publicado em 09/01/18

Cidade foi libertada do domínio do grupo extremista em julho do ano passado

Em Mossul, os professores se formam para aprender a acompanhar seus alunos propensos a ter pesadelos e comportamentos violentos, traumas herdados de três anos de reinado do grupo extremista Estado Islâmico (EI) e de nove meses de combates nesta cidade iraquiana.

No ginásio da universidade desta cidade do norte, onde os extremistas do EI foram expulsos há seis meses, dezenas de professores cercam um instrutor que desenha em um quadro branco “a árvore problemática” de seus alunos.

Na base estão “os pais mortos”, “o espetáculo das decapitações”, “as destruições”, mas também a “pobreza” que obriga algumas crianças a deixar a escola para trabalhar.

No topo, nas folhas, “o sorriso que precisa retornar”, “a esperança” e “o otimismo”. Esses são os objetivos que esta formação deve permitir que os professores ajudem seus alunos a alcançar.

Com jogos, brincadeiras e atividades esportivas, Nazem Shaker ensina homens e mulheres, alguns traumatizados pelo EI e seus assassinatos, a ouvir e acompanhar os alunos.

Em primeiro lugar, procuram ajudar as crianças a se reconstruir e se livrar do estresse, da pressão e más lembranças. Mas também, ensinar-lhes “a viver juntos” e “desarraigar a violência”.

Noamat Sultan, diretor de uma escola, observa dia a dia o comportamento violento dos alunos.

“Um dos nossos alunos era particularmente agressivo e provocava os colegas de classe”, relata à AFP. Após mais uma briga, “conversamos com ele e soubemos que seu pai e seu irmão morreram em uma explosão”.

A partir desse dia, comunicando-se com colegas e com a ajuda de “seu irmão mais velho”, Sultan e seus professores prestaram mais atenção e ouviram esse aluno. “Nós já conseguimos convencê-lo a não sair da escola”, diz o diretor.

Rasha Ryadh, professor de Educação Física, sente todos os dias em seus alunos “a enorme pressão psicológica que sofreram quando viram execuções, mortes, explosões, a morte de parentes”.

Cenas de horror que as crianças lembram, de dia na escola ou de noite em pesadelos.

Mas se Rasha faz a formação, é porque está convencida de que essas crianças “estão prontas para responder positivamente aos programas de reabilitação, porque querem se livrar das memórias que os levam de volta ao tempo do EI”.

Este é o caso de Ahmed Mahmud que, com apenas 12 anos, diz que está “esgotado” por tudo que viu com os jihadistas.

“Estamos cansados e sabemos que tudo isso não terminou. Quando entro em sala, não tenho a minha cabeça livre para estudar”, explicou à AFP.

“Penso no tempo do EI, lembro-me das pessoas executadas, como meu tio. Jogavam pessoas dos telhados e nos forçavam a olhar”, diz ele.

Além do terror dos extremistas, os nove meses de batalhas deixaram profundas marcas.

Osama, de 12 anos, parou de falar no dia em que quase todos os edifícios em sua rua desabaram sobre seus vizinhos, onde tinha amigos de sua idade, destruídos pelos bombardeios aéreos, diz sua mãe.

“Por semanas, ele não falou uma palavra, às vezes sai da casa sem nos contar e caminha por horas sem rumo, muitas vezes tivemos dificuldade em encontrá-lo novamente”, diz a mulher de 33 anos.

E desde aquele dia “ele não come mais, não toma banho sem minha ajuda ou a de seu pai”.

Osama não voltou à escola este ano. Mas aqueles que sim, assistem às aulas em locais destruídos e superlotados, diz Sultan.

(AFP)

Tags:
Estado IslâmicoMundoTerrorismo
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia